Tu te percebes em inquietudes, é nas palavras, é nas letras que elas florescem, no que fico escrevendo no avanço da noite, são minhas eu sei, tu não te acometes delas, as inquietudes a mim assolam, fazem tremer o assoalho da velha casa e me incitam a ser, ah, que cansado às vezes vou de ser este, e quero outros eus para me viver, te dou um exemplo de um outro eu, aquele que tem um barco ancorado ali, barco que perdeu as tintas, tintas de cores que não gosto mais, esse quero ser, e já sou, as inquietudes me escoram, todavia, me amparam ainda, até quando não sei, de certo modo são elas que me fazem viver, vivo por elas, elas me põem de pé, me fazem andar a despeito do cambalear - mais dos titubeios do que da embriaguez - sim, sim, ainda te amo, acredite, não te agrado sempre minha querida? ainda vou contigo lá onde queres, mesmo que eu não deseje ir, tu sabes, este momento agora meu amor, nessa rua, nesse sol escaldante, o suor me fazendo um vassalo qualquer da ilusão do carnaval, é por amor, na verdade me queria ver no mar, não exatamente no mar senão meus olhos, jogados de cá de uma varanda, tomando um vinho de viagem, é, pois explico, um vinho de viagem, ao raiar do sol da terça-feira de carnaval, vou-me, não me indagues mais que isso, esse outro ainda não sei quem serei, bebemos, mas nem tanto, não é mesmo querida? calma, fica tranqüila, o amor se arranjará em modos de ficar, como já te disse, só quero outros eus para me viver, tudo bem, tudo bem, me explico melhor, só quero outros eus para me viver... e te amar.
18 comentários:
Por enquanto deixo as palavras de Gaston Bachelard - "Um livro angustiante oferece aos angustiados uma homeopatia da angústia". Substituiria a angústia pela inquietude, e desde que li suas palavras (2008) que as inquietudes de muitos dos personagens me inquietam...e essa inquietude que é deles e mexe comigo, me move. Acho fantástico este sentir que as inquietudes dos teus textos me provocam.
belo texto, de alteridades eu, buscas; aí onde o amor é outro de outro, nunca eu mesmo.
saudações,
luis
A inquietude é que move a vida. Mesmo na rotina da calmaria da alma há inquietudes; não as houvesse, não haveria vida, amor e mais vida. Bela abordagem, Dauri.
Um abraço fraterno!!!
É preciso nos fazermos de vários, para compor uma personagem, díficil é sermos nós mesmos pra agradar muito mais aos outros do que a nós mesmos. Abçs.
Lendo aqui! O texto é de uma fluidez desconcertante, gostoso de ler! Muito interessante sua prosa-poética (se assim posso denominar). Tão carregada de sentimentos, tão humana!
Abraços!
Paz e Poesia sempre!!!
E pensar que, agora no final da tarde, já não sou a mesma pessoa que acordou hoje cedo. Sou outra na mesma pele, procurando outros Eus que, por certo, chegarão e... como a personagem do seu texto, sigo inquieta, procurando-me.
Texto instigante hein!?
Um beijo
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...um eu que agrada, um eu que não quer, um eu que finge ser feliz, um eu que precisa ser feliz... Assim é nossa natureza.
Construída sobre uma estrutura frágil com alicerces alheios à nossa vontade, vão se empilhando as nossas máscaras... Por vezes, precisamos ficar sozinhos e no mais absoluto silêncio, para vislumbrarmos o nosso verdadeiro eu... Esse é livre e verdadeiro, mas ao menor ruído, nos escapa.
Adorei o seu texto! Um rio onde mergulhamos para refletir...
Beijos de luz e o meu carinho!!!
Zélia(MundoAzul)
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Bendita inquietude que nos coloca diante dos nossos eus.
Bjos
Nada será como o vinho e nada será como o sol, mas o amor se arranja dos modos de cada cais. Beleza de texto! Tomara eu soubesse fazer assim! Abraço
Lindo texto,vibrante nos seus agrados,no jeito de reagir ...Tudo lindo,não sei o que dizer.Abç.
Amigo Dauri:
Bom receber sua visita!
Renovar nosso contato.
Abraço,
Belo conto,como sempre, escreves coisas lindas e nos levam a refletir,ter outros eus para me viver e amar...
Abraço
Todas as vontades impressas nesse texto. Ser livre pra amar.E amar livre.
Texto inesquecível....
usas duma liberdade carinhosa com as palavras!!!!gosto tanto!
beijo!
ai!
Voltei para reler
é por amor, na verdade me queria ver no mar, não exatamente no mar senão meus olhos, jogados é por amor, na verdade me queria ver no mar, não exatamente no mar senão meus olhos, jogados é por amor, na verdade me queria ver no mar, não exatamente no mar senão meus olhos, jogados é por amor, na verdade me queria ver no mar, não exatamente no mar senão meus olhos, jogados é por amor, na verdade me queria ver no mar, não exatamente no mar senão meus olhos, jogados é por amor, na verdade me queria ver no mar, não exatamente no mar senão meus olhos, jogados é por amor, na verdade me queria ver no mar, não exatamente no mar senão meus olhos, jogados é por amor, na verdade me queria ver no mar, não exatamente no mar senão meus olhos, jogados é por amor, na verdade me queria ver no mar, não exatamente no mar senão meus olhos, jogados é por amor!
beijo nos olhos!
E não é de sonhos que vivemos todos, da esperança de uma outra vida, um outro eu ou você para viver aquilo que desejo mas não sabmos como viver...
Voltei, e estranhei muito não ter teus textos diarios por aqui, tua ausencia, a ausencia das tuas palavcras fazem falta meu amigo, minhas paredes perdem um puco do encanto sem elas...
Espero que voltes e que vivas quantos eus for preciso...
Andando por aqui matando saudade e me embebedando com suas palavras...
Quanto, quanto tempo que não via velejar por entre "essa palavra". Saudades, pena encontrar esse lugar tão lindo e tão iluminado de palavras infinitas, parado desde fevereiro...
Voltas?
Bjos,
Ly
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