Ia, não sabia exatamente para onde, talvez para a casa de uma de suas irmãs, uns sete quilômetros, talvez confessasse sua dor à irmã, eram tão unidas, talvez falasse do seu amor, ou não, seguia a estrada sem querer voltar, a tristeza a perseguia desde o dia que partira aquele, empregado risonho, bom trabalhador, vaqueiro destemido, seu pai o despedira, foi-se a pé, uma pequena bolsa de couro jogada nos ombros com uma única peça de roupa, a outra, vestia, a de trabalho, não tão bem lavada, passada às pressas pra secar mais rápido, sem tempo de ficar no varal, viera um dia bater à porta da casa de seu pai pedindo trabalho, avistara-o da janela quando a porteira bateu e viu que um estranho se aproximava, quem será? perguntou-se enquanto cantava uns versinhos, sentiu ali, sentiu, não inventava, sentiu ali que seu destino viria a mudar, mas triste agora caminhava, seus passos queriam fazer os dele, ir aonde ele teria ido, para onde se foi? esperou que ele voltasse e não voltou, passaram os dias, veio uma chuva que se alongou por semanas e ele não apareceu, ela pensava, ele voltará num domingo qualquer, ou num sábado à tarde, para vê-la com a desculpa de que queria rever os amigos, os outros empregados em seus galpões pobres e cheios de outras coisas, arreios, ferragens, as camas cada uma num canto que o pobre escolhesse, seu pai não permitiria que conversassem, mas ela saberia, foi por mim que ele voltou, pensaria exultante de alegria, sofria ele do mesmo mal que ela, o desejo de ver, de estar perto, vieram de novo os dias de muito sol , ele não, nunca mais, mais de mês, e hoje, dia de Santa Inês, ninguém trabalha, seu pai não permite em homenagem à sua santa, estão todos de folga, os empregados no seu galpão, estirados em suas camas com lençóis que precisam das águas do riacho, e ele? Águida segue a estrada, o sol das duas da tarde se distancia de suas dores e faz o mundo todo indiferente, tudo queima na solidão da estrada, os passarinhos cantam aqui e acolá perdidos, Águida pára, olha ao redor, não avista nenhuma casa, o gado se amontoa na sombra fresca perto da mata, então desiste de ir à casa da irmã, tão longe à pé, volta-se e avista alguém que vem à cavalo, teme que seja seu pai.
11 comentários:
E essa espera angustia, Dauri. E esse final, cabe ao leitor tirar as suas conclusões. Bravo. Abçs.
...vim agradecer suas palavras
lá no meu cantinho de receber
amigos que amo.
bj imenso, alma linda!
Eis aqui um show de escritos e quem fica mais feliz sou eu que aprecio.
Abraço amigo Dauri, mesmo em viagem gostei de vir.
A espera muitas vezes é angustiante meu amigo,,,mas muitas vezes recompensadora...abraços de boa semana...obrigado pela visita...volte sempre que desejar...
E aí, camarada? Há quanto tempo, hein? O condado está sem atividade há pouco mais de um ano. Mas, de vez em quando passo por lá para molhar as plantas. Não sei se voltarei a escrever por aquelas bandas, fico, sempre, com a sensação de que aquele ciclo se fechou. Mas continuo escrevendo, e na fila de uma editora para a publicação do primeiro livro.
Dei um lida "nessas palavras" e, percebo que continua um craque na descrição das personagens e dos ambientes, especialmente os do meio rural.
Vida longa a "essapalavra".
Abraço!
Muito bom!! Muito bom mesmo!!
[]s
Um belo dia pra ti meu amigo...abraços fraternos.
BOM
VIM TE FAZER UMA VISITA.
PARA CONHECER O TEU BLOG.
BONITA MENSAGEM A ESPERA PODE SER LONGA MAIS VALE A PENA QDO COM BOA SURPRESAS. UM ABRAÇO
BRISA
Um bom dia pra ti meu amigo...paz e poesia sempre...abraços.
Sempre passo para olhar os barcos. Hoje pensei: depois do face ele abandonou os barcos, e encontro este novo barco.
Está frase me chama a atenção, gosto das construções de muitas frases suas.
"tudo queima na solidão da estrada"
abraço!
cheguei agora, vim agradecer a visita ao meu cantinho, mas vou voltar, gosto da forma como escreves
bj
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