22 setembro 2011

Fronteiras

As fronteiras estão postas, muitas, eu mesmo as coloquei, algumas pelo menos; mas eis que as palavras me sorriem em convites para passar dos limites. Decerto estes limites atravessados vão me possibilitando saúde de poesia, uma frágil força de passarinho, uma insegura certeza de abelha.  Mesmo e apesar dos estranhos movimentos de dança que se dança quando se vem aqui, aqui além da fronteira, e desses trejeitos estapafúrdios que se levam de cá para lá grudados no andar, no olhar, no falar, é impossível viver sem vir. Cada vez que mais se vem embrenhando por estes outros lados, mais modificados ficam os traços da fisionomia e as linhas dos tecidos que se vestem por dentro e que se dobram fora nos gestos. Mas as mudanças não são nem para pior, nem para melhor. São experiências de fazer-se outros. Experiências que marcam, mesmo que só por um instante. Se olhos se arregalam em estranhezas e perguntas indecentes, em meios sorrisos ou em gargalhadas, outros se dão em proximidades e conexões de peles e almas; e é tão agradável, bonito. Não há, no entanto, garantia nenhuma de lucro, de vantagem vindo aqui, montado neste dorso rugoso das palavras em voos irregulares e de rotas indefinidas. Há um leve prazer, mais do que prazer, uma certa paz. Uma certa

5 comentários:

Paula Barros disse...

Me fez rir com o seu comentário. Começo por negar o amor, e você ler o amor. Não, não é amor. kkkk

É algo bom, E esta frase sua até explique: Há um leve prazer, mais do que prazer, uma certa paz. E complemento, um bem estar, uma alegria, um contentamente...

Obrigada pelo comentário.

myra disse...

amei todo mas esta aqui:::" montado neste dorso rugoso das palavras em voos irregulares e de rotas indefinidas. Há um leve prazer, mais do que prazer, uma certa paz. ", adorei
beijao e quem sabe, algo de saudades:)

eder ribeiro disse...

Querido Dauri, escrever é ir além da fronteira por nos dar a oporunidade de ser vários, para mim, isso me dá muita alegria. Aqui tb encontro a poesia. Abçs.

Paula Barros disse...

Acordei curiosa para ler seu comentário no blog de Eder.
Você explica o amor que sinto, você explica. Então você entende desse amor que escrevo.

Paula Zilá disse...

uma certa...
e a insegura certeza da abelha, a conheço, sabe? como que intuitivamente, como que instintivamente... como que...