Inesperado sol
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Naquela noite não, naquela noite as coisas aconteciam, o baile, o novo gerente, o que ia se dando por dentro, na cabeça de cada um, daqueles que acreditavam que a velha siderúrgica pudesse recuperar o vigor do passado; Dias não, Dias não conhecera aquele lugar senão abandonado, como se assim sempre tivesse existido, cenário de um filme que não chegou a ser produzido. Suas lembranças todas estavam fundadas naquele lugar, nem sabia de onde viera, crescera ali, com a ajuda de um, de outro, especialmente da avó, aquela que aprendera a chamar de avó, avó Luzia, queria na verdade chamá-la de mãe, mas ela nunca permitiu. O lugar e a avó eram sócios nos anos, no tempo escorrido, cubo de gelo derretido ao sol e absorvido pelo chão, impossível volta.
A avó guardava algo, não sabia o quê, algo que ela entregaria a um homem bom, como ela dizia, um homem bom virá, e dizia isso sempre no dia vinte de janeiro, vinte e cinco de novembro e treze de dezembro, dias dos seus três santos. O treze de dezembro ele sabia, era a festa de Santa Luzia, aniversário da avó. Havia comida boa nestes dias e aquele anúncio estranho. Mas no dia de Santa Luzia, além da comida boa ela lhe reservava uma sacola de doces, balas, bombons. A avó, sim, a avó. Precisava visitá-la. Ela sabia dizer coisas, não lia cartas, mãos, não fazia despachos, não fazia grandes rezas, mas sabia de coisas do futuro, fragmentos, pedaços, mas sabia.
11 comentários:
Jacinta,
as ilustrações do título do blogue são brincadeiras rápidas que faço manipulando fotos da internet...
Apenas para dar um novo e descontraído visual à página.
A santa do dia 13 de dezembro também sabia, foi o que pensei ao ler, os outros não, fiquei curiosa. Tenho uma sobrinha/afilhada que nasceu neste dia.
E vão surgindo novos personagens, e vamos interagindo, querendo conhecer, saber um pouco mais. E tenho sentido falta do gerente, para mim está como quando alguém sai das nossas vidas e não sabemos notícias. E já vou bem próxima de Dias...e vem a avó..´
Me lembrou uma novela, os personagens, as tramas, a curiosidade.
abraço!
A imagem que o conto projeta em minha mente, me dá a impressão de que estou assistindo a um filme de suspense. É o máximo!
Bjos
Dauri, quanto as ilustrações do blog e as brincadeiras rápidas, estou gostando muito.
Fico só pensando se perdi alguma. rsrs
É bom saber que sabes brincar com o computador, eu não sei, nem nas minhas fotos sei mexer.
abraço!
Do contato/encontro com as coisas, um molho de chaves, pessoas, palavras e a seiva que escorre, fluxo entre fluxos... a narrativa em seu curso, seus cursos, flui, tudo flui...
Eu leio, releio. Sou fluxo...
Abraço fraterno.
Dauri,
o molho de chaves já não havia aparecido em um dos primeiros capítulos?
Estou tentando ler do capítulo 21 pra cá.
um beijo
Sim Mai, quando o fugitivo, o suposto gerente,chega às velhas instalações da siderúrgica ele recebe o molho de chaves, eis o trecho do primeiro capítulo:
"Antes que ele tivesse palavras para dizer o que teria de dizer, já o outro abria-lhe o portão, e abria a mostrar que ele devia entrar com o carro. Logo veio-lhe o rapaz com um farto molho de chaves, dando-lhe boas vindas e desejando bom trabalho".
O narrador segue então "colado" com o fugitivo que é confundido como o novo gerente.
Agora o narrador segue Dias, o jovem que sentiu tentação de pegar, roubar, aquelas chaves.
Por ai...
Beijo
Vim só brindar contigo Essa Palavra...
Abraço fra/terno e muito grato por essas palavras deixadas no Eu-lírico.
pois é...
a brincadeira confere um charme a mais na sua página.
Nossa!
o sentimento de abandono vivido por Dias é de doer. Mas o que será que a avó guarda com tanto cuidado?
A avó me faz lembrar minha mãe: acolhendo e agregando alguém e se "apegando" aos Santos( rss).
Bj
Nossa, Dauri, aqui hoje está em festa, fico feliz. Sentia falta de Mai nos comentários. Mas quero mesmo é aqueles comentários dela mais aprofundados. Vou aguardar o tempo dela ler e perceber toda as nuances dos personagens.
Abraço e tim tim a esta turma maravilhosa. rsrs
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