vertere seria ludo III
Atirar ao vento as palavras
mais solenes e amaciar
com o refugo dos sonetos,
que é a melhor parte deles,
a sola dos pés e as curvas dos caminhos.
E, a seguir, na hora da noite que convier,
arremessar a pedra dos sonhos no fogo
e deixar ir aos céus as faíscas da liberdade.
Poderá assim nascer um desejo
de cantar os salmos do amanhecer.
Nada é certo, todavia, vai que
o peso do dia como água
caia sobre as asas do beija-flor
...e tudo seja outra coisa.
8 comentários:
Vertere seria ludo, Horácio, Ars Poetica: misturar o sério ao divertimento
Belo texto.
abraços
Hugo
"...E, a seguir, na hora da noite que convier,
arremessar a pedra dos sonhos no fogo
e deixar ir aos céus as faíscas da liberdade.
Poderá assim nascer um desejo..."
Pungente!
É essa a palavra para descrever os sentimentos aqui contidos...
Voce é emoção pura ao escrever...
E ler voce, é um ecercício de serenidade, porque o coração, vez por outra, insiste em querer pular fora do peito...
Sob o efeito de sua poesia...
Beijos!
Caramba, Dauri,
o slide tá lindo. Uma bela marca para os seus 500.
Bj
Gosto de como você dispõe as palavras e espalha as coisas. Em tudo há uma estética, a noção exata dos espaços. Eu fico vasculhando cada centímetro de tudo por aqui e não me refiro apenas aos poemas mas a tudo em teu blog.
É como se eu estivesse diante de um esteticista da palavra sabe?
É interessante isto. Tudo em ti parece ter ou estar no lugar apropriado ou preciso de estar.
E nesta mescla, você por vezes parece estar denso e leve ou inversamente doce como melaço de cana ou acri mas sempre se divertindo e atento a tudo.
Provocador, talvez você provoca os sentires. Gosto disto tb.
Beijos, amigo, boa semana.
E os momentos mudam significativamente com uma batidinha de asas de um "beija-flor".
Do peso a leveza.
Do olhar ao voo.
beijo
Obrigado pela visita!
Vou frequentar também essas bandas...
Estava com saudades dos seus poemas.!
Abraços Dauri
Postar um comentário