31 outubro 2009

vertere seria ludo I

Por exemplo,
é importante notar
que o inventário do mundo
incluía um verso,

que se perdeu.

Pelas veredas transversas
sabe-se que
o tal verso
foi apagado. Raspou-se a folha

procurando rubís.

No impulso do entusiasmo
removeu-se, por distração,
as cascas das letras. O espírito
expandiu-se e saiu.

Quando isto se deu

houve um estremecimento
que virou a página e
o dia amanheceu.

7 comentários:

Dauri Batisti disse...

Vertere seria ludo, Horácio, Ars Poetica: misturar o sério ao divertimento

Desmanche de Celebridades disse...

Adorei a ideia cetral do blog: é possivel fazer poesia sem ser poeta. E como é! A poesia não é um oficio, é um momento que colocamos ali no papel.

Abraços.

Renata de Aragão Lopes disse...

Que ideia fabulosa:
cascas de letras removidas,
verso perdido
pelo inventário do mundo!

Prazer em conhecê-lo!
Um abraço,
doce de lira

Jacinta Dantas disse...

Que delícia brincar assim com as letras. E 500 poemas nas mãos de um não poeta é tudo de bom.
Brincando, brincando, vc vai da dúvida à certeza, do lixo ao luxo, da seriedade à brincadeira. E faz poemas na poesia da vida.
Beijo

Paula Barros disse...

"No impulso do entusiasmo
removeu-se, por distração,
as cascas das letras. O espírito
expandiu-se e saiu."

Lindo!

Me lembrei de pitomba que tiramos as cascas e chupamos, e se plantar o caroço nasce um pé de pitomba, que dá frutos....

Maria Helena disse...

500 poemas...e eu tive o privilégio de ler todos!Sorri,me emocionei fiquei triste,mas acima de tudo me alegrei pelo poeta que se diz"não poeta" transformar TUDO em poesia.Como consegue?
Parabéns.
Bjs.
Maria Helena

Oliver Pickwick disse...

Horácio estava certo. Para enfrentar as ditas coisas sérias da vida, nada melhor que associar-se ao divertimento.
Um abraço!