21 agosto 2009

Talvez uma tristeza seja, uma alegria,
só o tempo de uma música.
O olhar dobra-se com o vento sobre os montes.

O sol brilhando o fim do dia atravessa o amor, vai.

A marca seca de sangue na faixa
recorda um passo, um tempo, um espanto.
O alívio vem em gotas.

A lentidão da vida é só para a dor.

Ainda é possível atravessar o rio,
colher abil e ficar com os lábios colados,
cheios de palavras doces. Ainda

nada é. Tudo é. Brincar é o que importa.

Um emplastro sobre o furúnculo,
uma lâmpada muito fraca para a sala
na noite de chuvas, quando todos dormem.

Como e onde se pode guardar um momento?

11 comentários:

Betho Sides disse...

Belo texto rapaz...
Vim lhe convidar a participar de um concurso de redação e/ou do 1º Encontro Nacional de Blogueiros que vai rolar em Dezembro + informações:
http:bethosides.blogspot.com/
Forte abraço


Se gostar divulgue.

Maria Helena disse...

É assim mesmo;só a dor demora ou sentimos assim.Muito lindo o poema...
Seus últimos poemas estão cheios de brumas;por quê?
Bjos de Maria Helena

Dauri Batisti disse...

Maria Helena,

...pois que brincadeiras são boas se são variadas. Estou brincando poemas em que incluo palavras como atadura, gaze, urina, corte, forúculo, etc. Além do mais, digo algumas coisas por dizer, por mania de escrever, desenhos num papel que vai pro lixo, fragmentos desconexos, granito sem polir, aço escovado, brumas...

Um beijo

Tiago Soarez disse...

Esse é o Dauri...

Sempre me surpreende com o que escreve!

O final foi singular: como e onde se pode guardar um momento?

É muito bom encontrar um texto, um poema, que expresse aquilo que um dia pensamos, de maneira desorndenada, mas quando escrito tudo fica em ordem e nos faz lembrar e pensar em momentos que vivemos.

Talvez, guardar um momento seja para alguns escrever, guardar na memória, ouvir uma música, reencontrar, ver, sentir, ouvir... não sei... pra mim, é o misto de tudo isso. E quando recordo o momento que foi guardado e que nem sei como guardei, a sensação é inigualável!

Meu grande abraço a você, Dauri!

Ava disse...

Dauri, se a gente pudesse colocar um emplasto sobre a dor...

Mas a dor não tem remédio... nem os caseiros...


Gosto dessa sua brincadeira com palavras...
Uma brincadeira séria, que resulta em belos poemas...


Se eu pudesse, guadaria alguns momentos, nas velhas páginas de meu livro preferido... lá ficariam, como botões de rosas... anos a fio... secos, mas cheios de doces lembranças...

Beijos!


Dauri, vou roubar seu comentário... o meu...rsrsrs


Escrevi para voce... mas me deu a idéia de um post...rsrs

Tá vendo, aqui minha inspiração brota, assim, naturalmente...rsrs

Não sou poeta, e quando vem esse veio de inspiração, vou aproveitar e fazer um post...rs

Paula Barros disse...

Estou rindo com Ava, ela acabou de sair do meu blog. Aqui nos inspira mesmo. Eu já estive aqui, e fico voltando, você sabe, não é?

Venho aqui pescar emoção. As vezes caio no rio de lágrimas, é muito interessante. As vezes vou embora voando.

Mas é assim, tristeza e alegria, hora uma pedra na boca do estômago, hora um pássaro nos olhos puxando a alma para voar.

Minhas tristezas demoram mais, talvez eu as alimente, e gosto mais dos meus escritos quando estou triste, inquieta.

Paula Barros disse...

500 issos. Que vão se multiplicando em quem ler.

Crisol (me fez ir ao dicionário). Sempre encontro palavras aqui que nunca tinha ouvido falar.

É bom ver seus issos, eles são vivos, tem sonoridade, cores, imagens, fragâncias. E eu vejo poesia. (mesmo que seja issos ou poemetos)

E fico sempre torcendo que deixem eles nascerem e viverem por aqui. E darem vidas a outras palavras em nós.

beijo

Ava disse...

Agora de novo, a rir com a Paula... Veja bem...


É aqui que nos afogamos em sentimentos...

Sou muito de reler o que gosto... uma leitura sempre é ineficiente... gosto de voltar e me entregar as emoções... É assim com livros que gosto, ficam lá, na minha cabeceira, vez por outra abro uma velha página, algumas até marcadas, e releio... É sempre uma nova sensação... emoção...sentimentos...


Dauri Batista... Moço das palavras doces...


Beijos no coração...

Paula Barros disse...

e eu passando...beijo rsrsrs

Sueli Maia (Mai) disse...

O tempo das coisas cicatrizarem, é Dauri?
Ou o tempo do tempo dos emplastros diminuirem as dores?

Sei lá eu sinto a alegria em ler a alegria de palavras com elementos que simbolizam a dor. é isto.
Brincas e eu também.
Pareces um menino brincando com pipa mas são as palavras que soltas no ar.
Ai gaze, furúnculo não doem mas fazem-me sorrir.

Beijo, Dauri.
Fica bem.

Paula Barros disse...

Boooo diaaaaa! vim trazer gaze, esparadrapo, rifocina...vim trazer o meu protesto para esse tempo que aqui demora a passar...vim trazer um bom dia....vim dizer que sinto a falta de você atualizar.

"A lentidão da vida é só para a dor". Os dias ficam mais lentos quando aqui vai lento.

abraço