19 abril 2009

V

Engolir uma coisa pode ser
um modo de engendrar palavras
e fazer
do fundo mais fundo das coisas podres
dentro de si, a mina de alguma possível poesia
que só poderá
ser escrita por um olhar, um gesto.

Quando as palavras se escrevem
por não-poetas, que é o meu caso,
encardem-se
as letras de poeiras e acúmulos de vozes já ditas,
cansaços e ais comuns, quintais,
lavradores,
origens de todos, ainda minhas, bem próximas.

Confundo, confundindo quem me lê,
os caminhos, o que é meu e o que invento,
uma criança
nascendo a cada isso que escrevo. Nada existe
e tudo é o que foi dito, exatamente brincar
sem tirar
nem por nesta via tez, insensata ponte paraonde.

10 comentários:

FERNANDINHA & POEMAS disse...

QUERIDO DAURI, BELÍSSIMA A TUA POESIA... BOM DOMINGO... BEIJINHOS DE CARINHO E TERNURA,
FERNANDINHA

*andorinharos@ disse...

Venho cheia de saudades, mas sei que matá-las aqui é oficio que me muito me agrada! Nossa, que prazer!
Bom domingo pra ti, poeta.

John Doe disse...

Ah Poeta, me perco em tuas palavras, por horas creio entender por outras não, é como meus sonhos e momentos de lucidez, nunca sei ao certo qual deles é qual entra a transição dos dois...

Zzr disse...

Uma criança que nasce e precisa de letras combustíveis para crescer, assim como versos fanstásticos para ganhar vida. E é assim que somos nós, não-poetas, aprendizes ou, quem sabe?, usuários fiéis de uma língua que nos torna eternamente poetas e amantes desse grande universo: a poesia.

Abraços.

lula eurico disse...

Penha é pedra. E se vc tem feriado, tenho as férias que se encerram. Vivi os dias mais meus em poesia, e aprendi muito.
Hj venho ler vc a traduzir o que os doutos chamam por tantos nomes esdrúxulos. Apropriação, paródia, empréstimo, colagge. Ah, Poeta, só os não-poetas para fazerem ecoar esse "acúmulo de vozes já ditas, cansaços e ais comuns, quintais e lavradores, origens de todos".

No meu quintal hoje tem uma cabra. E não escapo de ruminar essa coisa, esse modo, esse mote "de engendrar palavras".

Bom dia e bom feriado, Poeta do Espírito Santo. Salve a Penha! Salve a Pedra.

Paula Barros disse...

Dauri

Sempre penso que na nascente, no olho d´água que brotam palavras, tem sua essência.

É difícil falar do que você escreve, porque me emociona e instiga.

Sinto que alguns escritores, soltam palavras no mundo, para dizerem o que não pode ser dito naturalmente. Alguns, mesmo que não se achem poeta, quando as palavras se juntam trazem poesia. Porque trazem a emoção se derramando e faiscando em quem ler.

Escreva, escreva......a quem ler, nem poder terá sobre si mesmo....


um abraço especial

Efigênia Coutinho ( Mallemont ) disse...

Eu ja estava com saudades de vim aqui ler você, pois sempre se leva alguma coisa muito boa da sua escrita, boa semana,
Efigênia Coutinho

Unknown disse...

adorei seus letras!
são puras, e significativas!

;D

Jacinta Dantas disse...

Acompanhando, com carinho, a sua nova série, encanto-me com a riqueza que se pode conquistar com as palavras, ditas repetidas vezes, por vezes conhecida e reconhecida, mas que chegam ao coração sempre de um jeito novo.
Lendo-te, lembro-me de outra letra que diz:

"Sim,dos teus pés na terra nascem flores.
A tua voz macia aplaca as dores
E espalha cores vivas pelo ar.
Sim,dos teus olhos saem cachoeiras.
Sete lagoas,mel e brincadeiras.
Espumas,ondas,águas do teu mar..."

Isso só para dizer: que poder tem as mãos que sabem lapidar as palavras.
Beijo

Maria Helena disse...

A mim,nâo importa entender bem o que escreves;o importante è o prazer que sinto alvejando tuas palavras e com elas caminhar pelos recantos dos meus pensamentos.
Mais uma vez parabéns querido poeta.
Abraços Maria Helena