04 abril 2009

Despedidas III

(Abro meus novos poemetos com trechos das despedidas de blogueiros que deixam a blogosfera)

"Este é o último post.
Parto para novas aventuras...
Encontrar-nos-emos um dia destes,
sentados num qualquer café,
a mesa um do outro.."
inabstrato.blogspot.com

É o que está dito,
assim, deste jeito, um poema,
nada mais. Alvoroço de sol

numa certa manhã,
desosso de carnes, de uma tarde magra.
É também o que se diz na raiva,
o que escorre na saliva da tristeza.
Hei de admitir, pode ser
o que se carrega no amor...
talvez... o que se suporta...

Mas agora, o poema,
assim, deste jeito,
não será outra coisa senão a pronúncia
da palavra amor,
a dor,
adeus.

13 comentários:

eder ribeiro disse...

é isso aí, despedir da poesia é dar adeus a dor. abçs.

lula eurico disse...

Mas o que sinto é o ritmo, o andamento da frases poéticas, os legatos e staccatos de tua harmoniosa fraseologia. Os enjambemnt meio que de repente, orações sem verbo, desossadas de carne, magras feito bailarinas a saltitar na página branca. O que sinto e o que vejo: o poema, que chamas de "issos'. Sim, pq as palavras se desgastam, e um dia o semantema diz adeus. Por "isso" entenda-se poíesis, poema ou o que seja. Ou apenas a pronúncia d'essa palavra: a/mor-a/dor-a/deus.
Ó Deus! E um samba que ecoa aqui: pra que rimar amor e dor?
Melhor dizer de vez: adeus.

"Tudo vale a pena quando a poesia nos envenena!"(Alberto Cunha Melo)

Um abraço, irmão!

Paula Barros disse...

"É também o que se diz na raiva,
o que escorre na saliva da tristeza."

Me fez pensar que muitas vezes o adeus é feito num momento de raiva. De atitudes impensadas, tomadas no fervor do sangue. E esses "adeus", machucam muito mais.

Geralmente o adeus deixa o travo da tristeza. Mesmo quando pode aliviar algumas outras angústias.

um ótimo domingo!

FERNANDINHA & POEMAS disse...

BOM DOMINGO, QUERIDO DAURI... GOSTEI MUITO DO POEMA... ABRAÇOS DE CARINHO,
FERNANDINHA

Germano Viana Xavier disse...

Dauri que não deixa passar nada.

Interessante exercício poético.

Abraço forte, meu caro.
Continuemos...

Jacinta Dantas disse...

Fazer da despedida, outro passo,
brincar ao som de
good-bye
encontrando leveza
na palavra,
com olhos e ouvidos
afinados no compasso.
Lindo isso que você faz.

Beijo

Elcio Tuiribepi disse...

Isso é pura poesia...belo pretexto para se escrever, acertou em cheio, as despedidas são muitas, assim como a volta...um abraço na alma...bom fim de domingo...

Márcio Ahimsa disse...

No adeus das despedidas, há o embrulho da volta bem guardado num sentimento de permanecer.

As voltas são o caminho para a saída, para a renovação.

Abraços.

Sueli Maia (Mai) disse...

Parece que há um amargor que chega quase a ser palpável na pungência das palavras.
Sentimentos fortes.

Beijos

SILVANA PEDRINI disse...

Oi, que maravilha encontrar um conterrânio na blogsfera. Não estou sozinha! rsrs

Estarei sempre aqui a te ler.

Abraços

Silvana Pedrini

Unknown disse...

A cada poesia, escreves melhor.

lula eurico disse...

Dauri, essa troca de comentários nos enriquece a ambos. Isso é a verdade.
Mas vc cria e eu, apenas, teorizo.
Estou a experimentar algumas coisas que aprendi lendo os teus "issos".
E cheguei ao escorzo, meio oblíquamente, aprofundando a leitura no Essa Palavra. Não é á toa que o verbete é italiano. rsrsrs

Abraço fraterno.

Oliver Pickwick disse...

Veja, o autor do blog em questão afirma que "parte para novas aventuras". Como disse antes, nem toda despedida é traumática.
Um abraço!