II
Ele gostava de fotografar pássaros,
sussuros poéticos de um amor perdido,
espaços vazios. Somente nadas, além dos pássaros,
desde que ficara viúvo.
Havia dormido mal.
Parou um instante
naquelas paisagens de desolação
perto da ponte e
viu um enorme objeto no ar.
Objeto de algum desígnio
que não entendia qual.
Suspirou imóvel e atento.
Uma típica nave extraterrestre.
O sentimento foi
obscuro e oprimido.
Aquela era uma gelada manhã de domingo,
o estômago encolheu-se, retorceu-se
de um frio esquisito, medo, espanto.
Pegou a câmera
e logo conseguiu tirar uma foto.
Recuou um passo, olhou para os lados
procurando por outras pessoas.
Não conseguiu invocar a própria inteligência.
Na gelada manhã as feridas eram mais pungentes
e desejou fortemente interromper
os pensamentos que seguiam irracionalmente
na direção do rio, da alta ponte,
para o mesmo ponto de onde ela se lançara.
Quando voltou a olhar para a frente
o objeto voador já havia desaparecido.
Queria esquecer para sempre o que sentira quando soube
do corpo encontrado quilômetros abaixo
entre galhos e entulhos. Durante as noites
ainda chorava apesar de tudo já ir tão longe.
14 comentários:
Olá Dauri, no meu segmento de trabalho a se...é impronunciável...rsrs...mas o sorriso é valente...
Belo poema também...um cotidiano diferente...um abraço na alma...e boa terça...rsrs
Li, reli. Escrevi demais. Apaguei. Me lembrei de mim. Você me faz voltar ao passado com uma rapidez incrível. (terapia virtual rsrsr).Pensei que aquela série do menino ia ajudar a achar a minha menina. Mas sempre me vejo num passado distante.
Dauri, sigo com essa leitura visual. Um quase filme. Imagino um romance a ser lido calmamente.
Admiro sua escrita. As variadas formas.
bom dia!
Dauri, vc é surpreendente...
Um poema diferente, e com um desfecho asssutador...
Sabe que as vezes tento , coisa absurda, captar o que lhe vai na alma...
Vou lendo nas entrelinhas, quem sabe um dia...rsrsrs
Beijos e carinhos!
Não sei se essas criaturas espaciais existem... mas tenho medo delas.
Gostei muito desse poema-prosa. É diferente do que estamos acostumados a ler aqui.
E no texto
os vazios, as pontes e o olhar vago a procura de pássaros no céu e objetos celestes... O irreal, o surreal e a solidão...
E não sei se o frio era da solidão ou do inverno...
Uma ou outra ferida, são mais punjentes e se ampliam nos estções ou nos 'invernos' de nós mesmos...
Belas palavras!
Beijo
Teu poema é puro diálogo com o texto que escrevi hoje, Dauri.
Essa coisa do esquecimento, do fotografar o tempo, guardar e perder...
Luís Osete é um colega meu de jornalismo que divide um apartamento comigo há 4 anos. Somos quase irmãos.
Abraço forte, grande Jack.
Continuemos...
Sabe que eu queria está num lugar calmo feito esse das fotos ao lado.
Jà estive num lugar assim, o silêncio era maravilhoso.
abraço
Gostei de descobrir este lugar poético. Voltarei com mais calma
para ler e curtir.
Um abraço.
encontro de linguagens, a fotografia da tua escrita é sempre perene dentro da leitura e de todas as artes. meu abraço, amigo Dauri.
Ao poeta luz,
À poesia beleza,
À vida poesia,
A tua poesia...
Abraço
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Gosto muito da forma como você escreve... Há um que de trágico nas suas dissertações, mas, que não consegue deixar a leitura pesada...
Parabéns, pelo talento!
Beijos de luz e o meu carinho...
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É amigo, na perspectiva da ponte, o pássaro solitário nunca volta.
Às vezes vale admirar os céus e suas incertezas que olhar o que passa abaixo da ponte, abaixo de nossos pés...
Poema, prosa ... Vale por fazer pensar.
Um grande abraço,
Jorge Elias
As fotos que você colocou do lado direito do blog, foram tiradas no interior de Ecoporanga? Nossa parece muito com uma fazenda que conheço e que fez parte da minha infância... Abraço.
Cazuzete,
não, são do interior do município de João Neiva-es.
Abraço.
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