19 dezembro 2008

Já vais pressuroso
atravessando a luz da manhã
dos claros dias de dezembro e nem sentes
que o dia seria outro, diferente,
se houvesse, se houvesse olhos para...
Tu segues com o peito ofegante
e o pensamento sem se dar com a paz.

Ah, sim. Logo cedo. Corres
para o dentista.


Para onde te lanças
sem reparar as ramas da primavera
que se debruçam sobre tua janela
em pequenos arranjos.
Não te apercebes que o verão logo chega
e a invasão de calor e de maresia
logo marcarão outro episódio.

Ah, pois que sim. Corres
para alugar o terno para o casamento.


Aonde tu vais
desde planícies, vales e grutas,
em saltos, sobressaltos, respiros acelerados,
carências de brisas e afetos,
esbarrando em cárceres,
estes que tu mesmo te impuseste
em anosos tempos virados.

Ah, percebo. Tu corres
para apanhar o filho na escola.

8 comentários:

ARTISTA MALDITO disse...

Olá Dauri

Venho desejar-lhe Santo Natal cheio de saúde, alegria e paz junto dos que mais ama.

O Artista Maldito deixou para os amigos três imagens como forma de retribuição da amizade recebida durante estes meses. Foi com muito carinho que as fiz.

Continuação de boa poesia, muito obigada pelas palavras sempre gentis e votos de FELIZ NATAL.

Beijinho com muito carinho e um raminho de azevinho,
Isabel

Sueli Maia (Mai) disse...

Oi, Dauri.

Um dia atípico. Não corri. E, não apressei-me em qualquer direção. Não acelerei o passo, rumo a nenhum lugar. E, também assim, não saí, em disparada, para lugar qualquer.
Desacelerei.
Estranhamente, sinto-me aérea.
Mas, sinto que estou, na exata medida e ritmo de um tempo, em que o tempo, era sentido de cócoras.
Eita, tempo bão!
Eita mundo bão!
Essa correria destrambelhada em buzinas, esbarrões de ombro, com ombro, que nem se desculpa, se olha, se ajuda, confesso, não sei.
E é porque te leio e releio, com tempo, que percebo, o quanto me deixei "dragar" pelos ralos da "globalização".
Mas me implico, sabes!
Há uma conivente-omissão que se disfarça em uma pseudo revolta que aponta, lá fora, o giro aflitivo do tempo.
Tempo?
Aonde vais?
Aonde eu vou?
Sei lá, nem sei se vou...
Como hoje, mais que nunca, tenho tempo, é lento o meu digitar.
Tranquilo, o meu pensar. Macio, o caminhar. É terno, o meu olhar.
Finalmente, porque estou em silêncio, dos sons, dos ruídos do mundo e de mim, percebo que, depende de mim, a sincronia com o tempo do sol, da lua, das marés... desacelerei. Estou outra.
É interessante. Não estou indo para lugar algum.


Me impressiono com este teu olhar pro outro, pra rua, pro chão.

Conheces Drummond?

Carinho,
sempre.

Sensualidades disse...

som porque sera que corro?

Jokas

Paula

LuzdeLua disse...

Senhor,
quero neste Natal
armar uma árvore dentro do meu coração
e nela pendurar,
em vez de presentes,
os nomes de todos os meus amigos.
Os amigos de longe e os de perto.
Os antigos e os mais recentes.
Os que vejo a cada dia e os que raramente encontro.
Os sempre lembrados e os que as vezes ficam esquecidos.
Os constantes e os intermitentes.
Os das horas difíceis e os das horas alegres.
Os que sem querer magoei ou, sem querer me magoaram.
Aqueles a quem conheço profundamente e aqueles que me são conhecidos apenas pelas aparências.
Os que pouco me devem e aqueles a quem muito devo.
Meus amigos humildes e meus amigos importantes.
Os nomes de todos os que já passaram pela minha vida.
Uma árvore de raízes muito profundas,
para que seus nomes
nunca mais sejam arrancados do meu coração.
De ramos muito extensos,
para que novos nomes,
vindos de todas as partes,
venham juntar-se aos existentes.
De sombra muito agradável,
para que nossa amizade seja um momento de repouso,
nas lutas da vida.

Que o Natal esteja vivo
em cada dia do Ano Novo que se inicia,
para que as luzes e cores da vida
estejam presentes em toda a nossa existência,
e concretizem com a ajuda de Deus,
todos os nossos desejos.

Feliz Natal!
Beijos com carinho

Branca disse...

vivo numa correria só também...
Visitando aqui, voltarei com mais calma!
Bom fim de semana,
Branca.

Márcio Ahimsa disse...

Dauri,

Essas chagas do tempo
tatuando imagens na pele,
tatuando sonhos no coração,
tatuando saber,
tatuando querer descobrir
o frasco da verdade
na alma, é brisa fresca que corre
com os capinzais,
e varre caminhos, varre espinhos
e carrapichos, deixa apenas a saudade tatuada no sorriso
um tanto murcho, um tanto seguro...


Abraços.

Menina do Rio disse...

A força do pensamento

A minha sugestão para estes tempos é:
Vamos doar-nos mais e diminuir o individualismo!
Que tal, um pouco mais de atenção aos filhos, aos
companheiros(as), aos almoços de domingo, menos
eu e mais "nós"?
Prega-se tanto amor, mas cada um só vê o seu
desamor; todos correndo numa busca louca de ter,
que acabamos por esquecer-nos de "ser".
Já viram um Maracanã lotado em dia de clássico?
Existe no futebol o chamado "inconsciente coletivo"
Esse "inconsciente" é capaz de virar um jogo!
Então imaginem 10 mil Maracanãs cheios! E o inconsciente
coletivo dessa torcida toda; uns pelos outros!
Não só em tempos natalinos, mas em todos os dias
de nossas vidas! Se é verdade que a FÉ move montanhas,
então imaginem do que somos capazes se direcionarmos
nosso "inconsciente coletivo" uns aos outros; se
"crermos" e agirmos conforme essa crença.
Podemos fazer a diferença...

Esses são os meus votos de Natal!
Beijinhos
(Verô)


"Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo;
todos são parte do continente." (John Donne)

Paula Barros disse...

Oi,

O corre corre do dia-a-dia, que muitas vezes nos ajuda até para não parar, não pensar, não sentir.


"carências de brisas e afetos,
esbarrando em cárceres,
estes que tu mesmo te impuseste
em anos os tempos virados."

Fiquei a pensar quantos de nós estão enjaulados, encarcerados, com medo de amarem, com medo de sofrerem de novo.

bjs