25 novembro 2008

Três vezes
(dedico este poema, que encerra os POEMAS DA PLANÍCIE, aos amigos blogueiros)

Recuperei o amor,
preciso refazer no coração
o caminho de uma planície
para me dar o entendimento do que disse.
Recuperei o amor,
abri a porta do vento
e as palavras saíram.
O amor pode ter vindo
no poder da imensidão,
na beleza das lonjuras,
ou nas luzes das estrelas.
Pode também ter vindo
na brisa mansa que me tocou
no alpendre em choupana perdida
tomada por abrigo,
minha própria vida. E digo,
algo mudou, me estabeleci,
cultivei trigo, tenho casa.
As espigas que amadureceram são tuas.
Reconheço, retempero minha vista,
a planície me abençoa com amor. Grãos.
Trigo. Florido. Flores douradas.
Não, estas são tuas,
não desfaço o que digo. Amo-te.
Sejam reticentes as colinas
e vacilantes as memórias,
mas o que levo aqui em mim
faz-se pedra de firmeza. Amo-te.
Estas espigas são tuas
e todas as outras.
Os horizontes e o destino
já me são amigos. Quero-te.
Aceita-me e a flor do trigo,
minha jornada em ramalhete. Amo-te.

18 comentários:

Anônimo disse...

Dauri, li muito dessa série de uma bocanhada só, ou de um gole, dependendo do verso.

Gostei desse presente, tão apaixonado. Sinto que foi pr'alguém. Sempre é? Não, nem sempre é pra alguém ;o)

Abração, poeta!

lula eurico disse...

Sussurrantes cânticos, cantares de esponsais, com ventania ondulando os campos de trigo. Belíssima entrega de amante, nessa planície em que o nômade viajor se aquieta e cultiva e ergue a sua casa.
Poeta, um estilo afunda suas raízes no individual, mas se espraia pela planície da alteridade.
Abraçamigo e fraterno.

Zzr disse...

Não importa de onde vem, o que importa é ter o amor de novo. Tudo muda de repente e as palavras "saem", não é mesmo? Linda descrição de uma paixão segura. As flores, as estrelas, e todos os outros plurais que invadem o nosso coração.

Rosemeri Sirnes disse...

Amor, amor, falam bem do amor.Esse que não é só azedo, que nem sempre arranha e rasga. Lindo ver você costurar o amor. Estarei aqui pra sempre!

Grande abraço amigo poeta,
Rose

Sandra Leite disse...

Dauri


Sabe quando você tem uma baita inveja de palavras como estas? E de ser amada como você descreveu...lindo demais! Me deu até vontade de começar uma noa história :)Durmirei felizzzz!!!!

beijos, poeta

Sandra Leite disse...

Dauri


Sabe quando você tem uma baita inveja de palavras como estas? E de ser amada como você descreveu...lindo demais! Me deu até vontade de começar uma noa história :)Durmirei felizzzz!!!!

beijos, poeta

:.tossan® disse...

Como sempre um presente. Estar aqui pra mim não é somente para ler e sim aprender também. Abaço

Elcio Tuiribepi disse...

Abri a porta do vento e as palavras saíram...algumas palavras acho que aqui devem ser pontuadas..."cultivei,amadurecimento, retempero, firmeza...por fim amo-te. Bom...no estilo carioquês...SHOW DE BOLA COM LETRAS MAIÚSCULAS...grande abraçooo

Jacinta Dantas disse...

"Amo-te... Amo-te... Amo-te", não sei porque, me faz lembrar Pão e Beleza(Frei Beto?).
Lendo, relendo, seis ou seis vezes seis, fui acompanhando a série, sentindo a palavra- planície-coração, fazendo-me viajante em sopros de tempo “que nem dá um segundo”. Passando pela estupidez do vazio e, mesmo atravessada, experimento os cheiros, os gostos... observo o lugar, o olhar o sentir. Agora, centrada, como rocha, pronta para enfrentar as adversidades, declaro meu amor à Vida/Terra na sua amplitude. Dela recebo o alimento e ofereço-me em ramalhetes que dela também recebo. Faço-me vida, na dança dos trigais em que flor e fruto se abraçam e formam um único coração – Pão e beleza.

...eita que comentar seus escritos dá um friozinho no estômogago(rss)

ARTISTA MALDITO disse...

Olá Caro Dauri
6:)
O número imperfeito e um poema-presente, uma declaração de amor, memórias vacilantes:)

Um presente preenchido de amor, uma oferenda deixada no tempo-planície,
esperamos pela nova série, com expectativa, eu espero vir aqui recolher as imagens das suas palavras.

Beijinho de um Portugal soprado pelo ar gélido, mas inundado de sol,
Isabel

Josely Bittencourt disse...

"Os horizontes e o destino
já me são amigos."

Me apraz o trecho, algo como síntese da série.

Dauri, beijoca!

vieira calado disse...

Pela parte que me toco, muito agradeço.

Um abraço.

Allan disse...

Ele viu que muitos estavam na planície. Mas sabia que deveria permanecer no lugar onde se encontrava desde sempre. Se quisessem, os outros que subissem para ter consigo.

Eu disse...

A impressão que eu tenho ao ler as suas palavras é que você está a anos-luz a frente de muito Seres aqui na Terra.
Você tem o dom de ir além das expectativas! E encanta!

AMOR...muito AMOR é o que desejo ao seu coração, hoje, amanhã e sempre!

Abraço carinhoso

[ rod ] ® disse...

Se é amor.. estou à glorificar. Se o trouxe ao seio.. eis o mágnifico encontro.

Dele nunca que deveria ter saído.

Abçs meu caro,


Novo Dogma:
roMance...


dogMas...
dos atos, fatos e mitos...

http://do-gmas.blogspot.com/

Joice Worm disse...

Adoro esta palavra:
Quero-te, depois de Amo-te...

Sueli Maia (Mai) disse...

Oi, Dauri.

Em cada texto, mais beleza. Este é o amor...

Carinho.

Oliver Pickwick disse...

Gostei muito das "crônicas da planície". Nos passa a idéia de uma jornada em busca de um aprendizado, enfim conseguido. Ótima alegoria.
Um abraço!