Outro pássaro, o que reergue o sol
Vou, quebro, digo,
este vaso, esta taça
este vidro. Vem comigo?
Solto o pássaro
que voa tão perto
e me canta aos ouvidos
os segredos antigos.
Vou, não me impedirei.
Tenho que ter pressa,
o perfume já sobe
e não há quem o sinta.
Tudo será outra coisa,
areia e pó,
se a palavra não for dita
com o canto certo.
Canta comigo?
Quebro o que espera
ser dia, já me vou cansado
das noites. Deixei
de lado a dança
para guardar este vaso
sem poção, sem água,
sem transformações.
A secura me persegue,
basta.
Mistura de ervas,
é o que farei
num novo vaso,
ou no mesmo, o antigo,
descascado,
como fruta aos lábios,
onde deambularei a mistura
até acontecer...
Dançarei
o círculo que
eu mesmo risquei.
Vou, quebro, digo,
dança comigo?
Ouço que me canta ao ouvido
outro pássaro,
que já reergue o sol,
o pintassilgo.
7 comentários:
"vou, não me impedirei"
Ótima semana Dauri!
Bjos
Dance, cante, ame, porém não deixe de escrever poemas lindos como este
que saúda a vida! Abraço
Danço, mas me recuso a quebrar vasos... os verbos no presente deram uma agilidade diferente ao poema. Legal.
Abraço.
Talvez o segredo esteja exatamente na mistura das ervas, no tempero das palavras, mas, já nem sei...só sei que transformações quase sempre são bem vindas...abraços amigo...
...iremos então,
quebrar as amarras,
abrir fronteiras,
construir pontes,
por onde a vida
seguirá no compasso
da liberdade!
bjus
Vim e ouvi, Dauri, esse pássaro que nos ilumina em plena noite, esse pássaro solar, esse poema intenso que canta, que chilreia. Vim e ouvi esse teu pintassilgo que me refrigerou a alma cansada, nessa noite.
"Vou, quebro, digo, dança comigo?"
Intensidade incrível, poeta. E eu digo sim, eu danço ;)
beijo
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