Os dois pássaros
Atravessou o escuro bem escuro,
e a vida continuou a mesma.
Fechou cortinas e persianas
e a vida continuou a mesma.
Procurou o livro dos mistérios
e a vida continuou a mesma.
Então veio um dia quente
derramando azul por todos os lados
e ele teve lucidez para pensar
que os dois pássaros podiam estar ali,
e não tão longe onde procurou.
No exato meio do dia ele abriu janelas e portas
se jogou sobre o chão qual monge que relaxou na vigília
e se cansou das orações, hinos e compostura.
Inebriado pela luz difusa buscou nos cantos da casa,
no barulho do dia, nas paredes, no teto,
nos pensamentos, por dentro, debaixo das móveis
os dois luminosos pássaros da felicidade.
Só encontrou um... e ficou triste.
10 comentários:
Dauri,
Fiquei muito pensativo com isso.
Muitas vezes, encontramos a felicidade, mas não nos contentamos com ela.
E aí entra o ditado, que, por mais que seja velho e batido, resiste: mais vale um pássario na mão, que dois voando.
E é isso. A felicidade não está tão longe de nós, mas vivemos buscando... buscando e buscando. E quando a encontramos, muitas vezes, não nos contentamos.
Grande abraço,
ótima semana.
Bossa Nova Café - textos, música e arte!
Pois é, a felicidade é tão simples que não conseguimos percebe-la. O nosso mal é sempre queremos pintá-la com cores inexistentess.
"A felicidade morava tão vizinha
Que, de tolo até pensei que fosse minha".
Chico Buarque
Gostei dos teus versos.
Beijo,
Inês
Gostei muito do final do poema.
Bem lembrado o ditado pelo Tiago.
Um abraço,
Jorge
As vezes os dias continuam os mesmos, por dias e dias... os mesmos. Aí alguém se joga no chão, numa viagem louca de busca, e encontra um só pássaro... E faz dele ser o que quiser.
uma meia felicidade não é o mesmo que uma meia tristeza.
Cada dia tem o seu pássaro com a cor que está em nós.
Abraços
Maria Helena
Libertou-se do mal da escuridão.
Ah, amei. Com uma melodia ficaria uma ótima - belíssima - música! :)
;*
ouvi dizer que a felicidade está nas coisas simples da vida.
e deve ser verdade.
Dauri,
Não pude deixar de vir agradecer o belo texto em meu blog:"...o poema revigora-se no cálice dos justos, sem se arvorar em pureza...".
Muito obrigado,
Jorge
Enquanto se procuram os pássaros da felicidade, já se encontrou "um deles", na própria procura.Eu penso assim...E, se o outro escapa, fica-se triste, porque a felicidade não se divide em quantidades. Ela é una. É o pássaro que está no "dia quente ...azul".
Beijos, Dauri.
Dora
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