25 julho 2008

Rosas amarelas

Ao cantar do galo,
o terceiro canto,
deves descer ao regato,
recolher a água da noite
e soprar sobre ela a primeira oração.
Não te esqueças, a primeira.
Depois vem e derrames a água
cuidadosamente
no jardim das roseiras.
Repitas o procedimento
carinhosamente
todas as madrugadas
e esperes feliz o amanhecer do dia
em que colherás o amor.
Mas as rosas,
bem... as rosas...
poderão desabrochar
no dia do amor,
antes,
ou depois dele.
Desde o dia em que recebi o conselho
me tornei cultivador de rosas,
rosas amarelas,
e não há quem colha mais belas.
Tenho ganhado um bom dinheiro.
Mas o amor,
bem... o amor...
meu amor me acorda
quando o galo canta.

8 comentários:

Jânio Dias disse...

Seu nome: Rosa.

Um amor rosa. Um sol rosa. Uma casa rosa. Uma lágrima rosa. Um chá rosa. Um bebê rosa. Um ruído rosa. Mãos rosas. Flores rosas. E a rosa, amarela.

Katia De Carli disse...

Ah meu amigo,
Descobri meu problema no seu poema... Não tenho galo que cante, por isso, embora as rosas flosreçam, ainda carece de alguma coisa meu coração...
beijo e luz

Anônimo disse...

O galo cantando
me lembrou um
poema de João Cabral de Melo Neto
que diz que 'um galo sozinho não canta uma manhã/ele precisará sempre de outros galos...'

gostei do blog

e virei mais

abraço

Unknown disse...

Muito bom. Pelo visto a sensibilidade criativa está na área mesmo. Grande abs! Ah! E eu tenho um galo. *rs Bom demais.

mundo azul disse...

...que bonito!!!

Gostei do seu poema, meu amigo...

Beijos de luz e uma semana feliz!!!

Jr disse...

Não tenho galo,
Nem rosas.
Mas... o amor...
O amor acora-me todos os dias!

Plinio Uhl disse...

nossa... belo como sempre.

e o final... não sei se sou eu ou se foi sua intenção, mas o poema vinha numa linearidade que, quando chega nos últimos 5 versos, espatifa-se numa multiplicidade de entendimentos.

abraços!

Anônimo disse...

Um conselho. Cheio de minúcias. Como uma "mandinga". Prá parecer que é mistério...Porque,na verdade, para colher o amor é só cultivá-lo. E ele é mais "certo" do que as rosas, que podem não vir no prazo...Mas, o amor chega, todas as manhãs, tão inexorável como "o galo canta". E traz tudo: as rosas amarelas, o "bom dinheiro". "Rosas amarelas", esse poema, usa uma "isca"...rs
Eu brinco um pouco...você sabe...
Beijo, poeta.
Dora