Fragmentos apócrifos - doc. de Paris
Dias do alto da tarde me aconselham a ir a Cafarnaum
procurar no lugar do encontro
o segundo atalho para a casa das palavras.
Dias do alto da tarde me ensinam a recorrer ao acervo
da casa que propõe uns poucos princípios esclarecedores
dos presentes, dos que vêm e dos outros dias.
Dias do alto da tarde me convidam a reverenciar
os estranhos que estiverem de saída na porta da casa
quando eu estiver passando por eles.
Dias do alto da tarde me estimulam a procurar
os vigias noturnos da casa e com eles distinguir
as variações de escuro na barra da madrugada.
Dias do alto da tarde me dobram para ver debaixo da pedra, da tinta
das letras o mesmo que em fogo me percorre todo o corpo do mundo
bomba arcano que me explode e não me mata.
Dias do bem longe da tarde me acordam e me ordenam
a deixar Cafarnaum antes que os pássaros voem das árvores
e retornar feliz para as minhas vidas de terra estradas comuns.
4 comentários:
Cafarnaum deve ter sido um lugar fantástico!
Lugar de falas preciosas, de palavras fartas de conhecimentos do alto!
Gosto deste fragmento...
"Feliz o que não insiste em ter razão, pois ninguém a tem ou todos a tem"
Bela viagem esta...melhor ainda é retornar feliz.
Abração.
Olá Dauri, belas palavras, tenho um poema que batizei como Fragmentos, qualquer hora posto. Parabéns, um bom domingo para você.
Um abraço na alma.
O poeta habita o silêncio sim!, mas trafega em mundos jamais imaginados e leva-nos nestas asas, trafegando entre o sonho e o amanhe(ser)
suas linhas nobre poeta, sempre me fazem chorar e crescer...
obrigado por mais um poema maravilhoso
Um belo poema de que gostei, sem reservas.
Cumprimentos.
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