31 janeiro 2008

Terra sem céu
(chuvas de janeiro)

Quando o tempo fecha,
soterra o céu
com sonhos de chão,
os meus, inclusive.

Ah, como é bom
a terra sem céu.
O mundo fica menor,
uma cozinha, de mãe.

Quer coisa melhor?
Contudo o que mais gosto
é ficar livre do desgosto
de me enxergar diante

desse meu pai desmedido,
expansivo, poderoso, explosivo
sempre de fogo, universo
sem fim, sem paz.

12 comentários:

Jacinta Dantas disse...

"o mundo fica menor", o ar fica melhor, e eu...
Posso expirar e inspirar sem receios. Afinal, tenho direito de fazer trocas, com o que de mim, na terra sem céu.
Adorei a cozinha, de mãe. Um aconchego só.
Um beijo

Jacinta

Jacinta Dantas disse...

Quis dizer:
...tenho direito de fazer trocas, com o que há de mim, na terra sem céu.

Carlos Rafael Dias disse...

Grato por "aquelaspalavras"
E digo também as minhas
Belos "essespoemas"

fjunior disse...

uma curiosidade, Dauri, você escreve versos todos os dias? ou tenho uma coleção aí guardade debaixo do colchão?
abraços

Dauri Batisti disse...

...na verdade Junior, as vezes escrevo mais de um por dia, nos intervalos,nas brechas, até no sinal de trânsito, no cinema, lendo um livro, etc. Onde a idéia surgir. Depois dou uma ajeitada. Tenho esses rascunhos espalhados por ai, no carro, no trabalho, ao lado do computador, nos bolsos das calças, etc.hehehe.
Mas ando "meio preguiçoso" para textos mais longos.

Sandra Leite disse...

Oi Dauri,

A Fla, do Poetriz, que me indicou seu blog.
"Essa palavra" me roubou as palavras.;)

abraços e conte com meu retorno

Dauri Batisti disse...

Sandra,

obrigado pela sua visita.
Estou na sua página ouvindo años de soledad. Você diz, "celebro, através dessa música, todos os encontros". Também o nosso, digo, pelo prazer da palavra. Obrigado.
Deixarei este comentário também no seu blog, lindo por sinal. A bicicleta escorada no poste, tem tudo a ver com bossa nova e música.

Anônimo disse...

È poeta, a beleza já te pegou! Bom seria ter pelo menos uma sacoliiinha da sua imaginação;

não precisava de colchões abarrotados,
nem bolsos nem...

Anônimo disse...

Lendo o que li,
Mas sinto que não queria ler.
Vejo tanta ansiedade
Sede em sua ALMA...

Terra sem céu
Amarga desilusão;
Talvez fique menor,
menor a sua depressão.

È verdade que é PAI.
Desmedido... jamais!
De eternidade á eternidade
Deus Pai,Deus È Paz!

Anônimo disse...

Anonimo,NÂO.Eu sou Jayme V Poltonieri.
Para alguem celebre, algo inteligente.
Para alguem inspirado,nada melhor que palavras inspiradoras
Capacidade lhe é cabivel com louvor.

Dauri Batisti disse...

Caro amigo anônimo,

Obrigado pela participação com seus versos. Bonitos.

No poema não falo de Deus, mas do universo; Não falo de mim, mas dou voz ( essa é, para mim a função da literatura, da poesia, dar voz, ou invés de só ficar num movimento egoísta de falar dos próprios ciclos sentimentais) à ânsia milenar do homem de entender o universo, e nessa voz, é claro, se esconde minha sussurrante voz. Uso, portanto duas imagens bem humanas - mãe e pai - para falar de terra e universo.

Sonhos de chão são sonhos de solidariedade entre as pessoas, de acolhimento entre todos, de paz para viver as poucas décadas da vida de um ser humano. Quis valorizar o compromisso com o aqui e agora, com este chão que estamos desprezando e que é nossa casa. Também pensei na expressão bíblica, “por que vocês estão ai PARADOS, olhando para o céu?”

Obrigado por me possibilitar essa fala. Bom fazer isso pela mediação da poesia, não?

Deus, essa realidade numinosa e inominável é uma realidade tão íntima, tão íntima que fica difícil avaliar como ela se dá no coração de cada um. Um poço cheio pode parecer areia de deserto, ou um deserto pode ser tomado como mar.

Sueli Maia (Mai) disse...

Nem sei se algum dia, inda te alcanço.
Estou te lendo, inteiro.

Só prá ver se me respondo: O que será que me dá?
Sempre que te leio, Dauri?