09 dezembro 2007

Enfim, como direi?

Fugiram com os últimos raios de sol os nomes
que identificam certos mundos interiores.
Observo alguns deles cujas órbitas
tocam nesse momento a elipse da minha alma
com a esperança de saber a palavra
que define o que experimento.
Mas é uma cena, e não palavra,
que me vem lá desses mundos como resposta,
fotos antigas jogadas umas sobre as outras
tão rapidamente que só a última posta é a que se vê:
uma fortuna informe e escondida, mas que reluz
para além do ar carregado de escuridão e chuva
sobre o capitão no convés do resistente vapor
que com a terceira taça de vinho
brinda ao mar as milhas navegadas
e as outras tantas a navegar.
É tristeza isso que sinto? Não.
É saudade? Não.
Enfim, como direi?
... acho que cheguei atrasado,
o que vejo é uma festa – mais um dia – no seu fim.
Mas amanha bem cedo, gritarei diante do sol:
Esta festa, por nada, eu perderei.

4 comentários:

John Doe disse...

sinto como que já tendo visto este mesmo quadro muitas e muitas vezes e sempre chegando atrasado sempre um pouco antes do fim...

Anônimo disse...

Linda essa imagem do capitão brindando ao mar como valorização do dia vivido e do dia que virá.

Anônimo disse...

"É tristeza isso que sinto? Não.
É saudade? Não.
Enfim, como direi?
... acho que cheguei atrasado"

Sinto assim também!
E é muito bom se encontrar nas palavras de outrem tão amigo das palavras!

Amei!

Bjos

Anônimo disse...

...acho que cheguei atrasado, o que vejo é uma festa - mais um dia no seu fim.
Porque é assim? Quanta festa perdida ..quanto vinho da melhor safra, sem gosto.. sempre atrasada!
Será que "acordarei" para a festa de amanhã?
Hoje já foi...