Eu sei,
infelizmente sei,
que o único jeito de voar
com as próprias asas
é fazendo poesia.
Um dia a ciência vai provar
que a única e absoluta utilidade da poesia
é fazer brotar nas costas do sujeito que escreve
- ou que lê -
um par de asas.
É claro que o tamanho,
a penugem,
a força,
a beleza da asa
vai depender de fatores que não sei explicar.
Meus vôos são sempre rasteiros,
mas ainda assim me lanço
e me rasgo em brutos esbarros com o chão
em pontas, pregos e pedras.
A pequena altura que alcanço
vai mais alto, no entanto,
que qualquer avião.
8 comentários:
olá!
gostei muito desta poesia...por vezes acho que es um bocado dificil pôr em palavras o que os nossos pensamentos estan a dizer. Eu também quero ter estas asas e voar sem fim.
Disculpa a minha ortografia, mas estou agora a aprender o teu idioma.
Até a proxima!
Dauri Batisti, leio seus poemas e te digo apenas se inscrevem no transcendência da e na imanência, a que é tanto mais poiesis, fazer poético, quanto mais parte de nossa precariedade, mas sem se prender a ela, à precaridade, mas metamorfoseando-a na base de uma metafísica das ausências, a de que nos convoca a ter asas exatamente porque não a temos, e assim voamos além-aquém da linha do horizonte.obrigado por freqüentar meu blog.
meu abraço,
luis
Caro Dauri, eu também! Vivo tentando voar, ou no mínimo, sair do chão.
"No entanto", sou só água que molha um pouco onde passa.
Grande abraço!
Dauri,
Bem você disse: "escrever é reescrever". Assim vejo seu NO ENTANTO. Lindo, com nuances de possibilidades e de reencontro.
Eu, por aqui, faço uma (re)leitura dos meus vôos, acreditando que posso aceitar a condição de ser, também, águia. E se é possível...
Rapaz! seu espaço está muito bacana. O poema "tantas vidas" na apresentação revela muito de você.
Jacinta Dantas
achas que toda a gente pode voar e escrever poesia numa das suas tentativas?
Eu escrevia muito cuando era mais pequenina, mas agora fico com um grande problema: nao es possivel para mim escrever sem estar triste. uma das ultimas vezes que eu escrevi alguma coisa interessante foi cuando eu tenia 18 años...PLENA ADOLESCENCIA!
agora, cuando estou a ser mais feliz, mais tranquila, so posso escrever literatura, mas nao posia....que grande pena!
Eu voava e não sabia...
Agora tenho plena consciÊncia dos vôos rasantes onde às vezes tenho escoriações mas que não doem, porque minhas asas já estão fortalecidas e podem me fazer subir novamente.
Obrigada pelo aprendizado.
No meu caso a poesia não me dá asas... ela me dá guelrras para que eu possa mergulhar no mais profundo de mim...
"Eu sei,
infelizmente sei,
que o único jeito de voar
com as próprias asas
é fazendo poesia"
E mais uma vez... as palavras me escaparam entre os dedos...
Parabéns!
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