23 dezembro 2012

Os habitantes - 3

, nisso dona Romana se aproximou, de romana ela não tinha senão talvez um jeito de matrona, brasileira é que sim, italiana já da terceira geração no Brasil, e veio meio que espavorida dizendo, o senhor governador, o senhor governador, e de repente ela mudou de assunto e começou a fazer reclamações como se eu é que fosse o governador, e a sugerir, reivindicar com autoridade, o senhor devia fazer uma avenida central por este galpão de tralhas, estão aqui há tanto tempo e ninguém comprou, e esse vai e vem de ruas que mais parece um labirinto, calma dona Romana, eu dizia, calma, acabei me machucando, ela reclamou, nessas quinas velhas, e esses ferros velhos podem infectar alguém se a gente se espetar numa dessas coisas que sabe Deus de onde vem, o senhor faça o favor de fazer uma rua central aqui ou senão faço eu, e o governador? perguntei,  está lá na frente, ele e mais uns homens de paletó preto, parece que vem de enterro, meu Deus!, o que houve? lembrei do esquadrão, respondeu e continuou, ele está lá olhando umas poltronas, aquelas que o senhor quer vender por um preço bem alto e que até hoje ainda não vendeu, calma Dona romana, calma, sim, sim, vou pra cozinha, o senhor tem razão, vou me acalmar, vou colocar um gelo nesse roxo na perna, se precisar o senhor toca a campainha da igreja, mas me dá um tempo, por favor, se bem que eu acho que o senhor não devia tocar pra chamar alguém uma campainha que se tocava na missa pra chamar os anjos para o altar

2 comentários:

Paula Barros disse...

Acompanhando.
A forma de escrever prende a atenção.

vieira calado disse...

Olá, como está?
Venho expressamente desejar-lhe um Bom Natal!
Um abraço.

** Há um novo poema de Natal no meu blog