19 dezembro 2011

Era um nada que estava ali por detrás dos olhos, por entre as folgas do pulmão em cada respiro, um nada, como um grito depois do último eco, quando se olha as montanhas sozinho e nem se tem vontade de ir, nem de falar, nem de cantar, nem de assoviar, nem de sentar, nem de ficar de pé. Olha-se apenas, e alguma coisa estabelecida na alma impede até um pequeno volver do pescoço ou do globo ocular. O olhar cancela-se de sua inquieta dança entre aqui e acolá e fixo chora, seco, chora, sem piscar. Então se ouviu um chamado, um insistente chamado, o cão latindo, latindo como se visse ali um perigo. Era humano o perigo de tornar-se outro, nascia-se no silêncio.

2 comentários:

Paula Barros disse...

Dauri,

É preciso respirar profundo ao ler.

Acompanhar cada frase, sentindo a intensidade da dor.

abraço.

eder ribeiro disse...

Dauri, ouve momento que olhei para dentro de mim e me senti tão vazio que nem as lágrimas tinha para chorar. O seu texto me fez lembrar desse momento.
Aproveiro para lhe desejar um Natal de paz e Luz. Um 2012 iluminado. Abçs.