17 julho 2010

Inesperado sol

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Não era somente um rosto que se configurava em arranjos na sua mente ao vê-la. Refugiava-se naquele rosto, e via, sim, uma velha e grande mangueira espraiada sobre um rio de fundo arenoso e águas claras. A sombra poderosa se instalava sobre o rio e suas margens, atravessava-o para o outro lado e as raízes da árvore criavam desenhos escuros no chão, riscos de letras incompreensíveis, palavras sem sons. Ele pediu um copo d'água, ela surpreendeu-se, água?, e trouxe-lhe. A palavra água com a interrogação reforçou a visão do fluir manso do riacho sobre as areias rasas embaixo da mangueira. Paravam ali, mas logo corriam rápido depois da pequena praia num estreitamento do rio pelo barranco de um lado e uma face de pedra do outro. Aquela sombra, a velha fábrica em que todos pensavam ser ele o novo gerente, a água que se comprazia num remanso e que logo encontrava as corredeiras diziam-lhe confusas orientações. Então começou a perceber o bar e os vários olhares sobre ele, o recinto, grande, talvez um antigo restaurante, abrindo-se em claridade, revelava seus vários elementos, coisas e pessoas.

4 comentários:

Germano Viana Xavier disse...

Refluxos, reformas, renovas, rebordas, retornos, refazejos, relaços, paço novo para andar e se deixar ser nas palavras. A consistência de uma produção textual-anímica que tem bases firmes.

Esses dias tentei entrar em teu blog e não dava nada, mas agora sim. Estamos de volta, Dauri Jack. Muito bom tudo, muito bom.

Insana disse...

O sol sempre deixa suas marcas

bjs
Insana

Mell Renault disse...

Olá...
em minhas andanças eis que me surgem essas palavras...

encantada, isso é tudo o que posso dizer!

Que texto incrível!!

Assusta-me a confluência de situações e sentimentos!

Um grande carinho!
Mell

Sueli Maia (Mai) disse...

Estranhamente, parei neste texto.