19 outubro 2009



Sacolas plásticas I

Rasgava-se em partes brancas
quase pele artificial, hímen
do mundo, a sacola.
Saiam grãos empapados.
Arroz. Atroz rumo, atrás um cão,
magro, correndo. Um caroço
de manga, saliva seca,
laranjas sem vida,
distintas flores vencidas,
corrompidas de cinza se largavam
pelo mesmo rasgo.

7 comentários:

Sueli Maia (Mai) disse...

Rompeu a sacola!
E sorri ao ler o lembrete, viu?
um beijo!

Juliano disse...

Distintas flores vencidas.!

Abraços Dauri e ótima semana para você.!

Paula Barros disse...

Lendo a anterior e essa agora me lembrei dos carroceiros apanhadores de lixo.

E também lembrei quando minha mãe fazia sacolas para vender, cortando sacos de leite.

Mas sei que seus poemetos vão muito além do que eu possa imaginar, lembrar e sentir.

Interessante que você citou o jogar fora, as vezes tenho essa sensação com o que escrevo. Chamo meu blog de lixeiro virtual.

abraços, parabéns!!

Germano Viana Xavier disse...

Que venham outros 500, Dauri Jack!

Continuemos...

Ava disse...

Meu Poeta...

Receber um incentivo seu é algo ímpar...

Voltando lentamente... Ainda sorvendo cada palavrinha de carinho..




E claro, tendo vc para ler, que mais posso almejar?...rs


Beijos mil!!!

Henrik disse...

Uma laranja podre, morta, é para mim algo tão estranha e intimamente ligado à vida. Essas imagens, aparentemente abismais, são-me revestidas de um sentido quase sempre claro. Pouco ligado à finitude enquanto desolamento, talvez mais um assombro perante o fenómeno da vida.

Oliver Pickwick disse...

Reciclador sem nenhuma celebração ou manifestação honrosa. A sua poesia às vezes é como fio de navalha alemã, corta de modo indolor.
Bom revê-lo no condado!
Um abraço!