II
Olhei para os caniços dançantes
nas margens do rio.
Entre um vento e outro
cruzei com o olhar
do escravo recém adquirido.
Ele me viu? Se me viu,
de que mundo me avistou,
e a que perigo me acenou
com os fachos daqueles faróis?
Voltei-me para a princesa
que comigo descia o Nilo.
Sua doçura e o sol que brilhava
em sua pele me aqueceram.
Mas ainda assim, o que eu queria?
Eu queria me acercar de escribas
e artistas, e com hieróglifos,
pedras e pigmentos traçar
nas páginas dos dias,
no verso e reverso das horas,
a beleza e a melancolia
de cada beira do Nilo.
Mesmo que tudo seja sem sentido
o que importa mais é o que faz
o pensamento fluir para o mar,
fertilizando os campos das margens
a cada extensão do olhar.
5 comentários:
Quem ri agora sou eu. Misturo tudo mesmo, e sinto, e imagino, e escrevo. E acho ótimo. E vou viajar (na vida real) já "sofrendo", porque quando viajo não consigo ler seu blog como gosto.
Eu volto.....
beijo
Sua escrita é perfeita...
abraços
Hugo
Sempre acreditei no sentido interno da liberdade. Aquela que a gente sente e se questiona se é de "verdade", de tão distante dos anseios dos que estão fora e clamam por ela. Lindo texto.
Até os frágeis caniços se dobram aos ventos. Sua força está em reerguer-se quando passa a ventania...
Abraço fraterno.
Ainda em guar e na luta!
como estas cara?
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