01 setembro 2009

A cena já se distinguia.
Outros elementos,
tais como a tradução,
já se mostravam.

Eis pois que
traduzir os cotidianos
é uma impossibilidade.

Assim acaba por ser
a desterritorialização dos dias que passam
em poemas. Os issos
no lugar daquilos.

Mas o que vale,
o fóssil, ouro não sei,
é o que se inventa: ele
cansado da aula,
dominou-se plenamente por um longo
e prazeroso bocejo.

Neste momento,
por transfiguração poética,
veio-lhe um cheiro de capim
e de outras coisas no chão
por onde passa o gado.

Apesar de que
quem vier a ler
esta escritura verá
o perigo para os olhos:
ela não
tem fundo.

5 comentários:

Vivian disse...

...ahhhh cotidianos!!!
já que são tão chatos.
por que traduzí-los?

urge que desenhemos
futuros azuis...

beijos!

Jorge Elias disse...

Traduzir o cotidiano é uma impossibilidade.
Por detrás de cada olho tem um aparato que a neurofisiologia tem empreendido esforços para compreender e mapear.
Por detrás de cada olhar tem uma existência, tem experiências, tem um homem incapaz de se decifrar.
E toda essa multiplicidade de olhares é que torna intraduzível o cotidiano.
Mas surge o poeta com seu olhar dando uma nova luz ao absurdo dos dias.
Quizessem todos soubessem do poder dessa luz...

Grande abraço,

Jorge

Leandro Jardim disse...

Bom poema! Dauri, meu caro, tenho vindo pocuo aqui, assim como ao meu blog também, mas reafirmo que gosto mesmo de sua poesia =]

Priscila Lopes disse...

Tudo é uma impossibilidade e uma transparência.

Paula Barros disse...

Os issos são tão cheios...de cheiros, de cores, de significados, de histórias, de vida...com um pano de fundo que muitas vezes eu mergulho fundo...esses issos é feito a paisagem, está ali, cada um observa e sente de forma diferente. Mas a paisagem é bela, mesmo quando está inverno, ou está na seca, tem beleza.