12 setembro 2009

II

Amar é quase, apesar
de que. Completar
a frase... é difícil.

Ocupar-se de amor
pode ser um modo
de preencher-se de.
Bem, de quê não sei.

O ontem de amor
e o amanhã ainda vazio
deixam entre eles um vão,
um quase. Nele
se respira
e se sufoca.

Vão poderia ser um vaso,
outra realidade,
uma dimensão do universo,
terra boa e úmida
onde se colhe flores,
feijões,
hojes de folhas grandes.

Mas, ai meu Deus,
amar é quase,
quase,
quando só se colhe
hojes de folhas miúdas.

5 comentários:

Ava disse...

Ao ler seu poema, me deu vontade de segurar o amor nas mãos... tamanha a fragilidade que senti...rs

Era como se ao final de cada frase, o amor fosse espatifar no chão...

Surreal... e lindo!



Dauri, sensação difícil de explicar...rs

Sandra Leite disse...

Eu nunca sei se o amor é frágil ou não. Se parece um sentimento frágil, me faz forte. Me desperta para a luz que se escondia em mim. O amor é o quase, mas é [in]transitivo. Ele se basta, ele se completa. Revela em mim de mim escondia. O amor denuncia.

Daury, o comentário que você deixou no IeBN me deixou com os olhos brilhando. Uma vontade danada de chorar o que o texto não revelou.

Eu te adoro, poeta!

beijo

Sandra Leite disse...

corrigindo

[...} revela em mim o que de mim se escondia.

Older disse...

"Entre o amor e o amanhã, há o vazio", e este vazio é que mata.
Belo poema.
Abs

Joe disse...

Um dos melhores poemas sobre o amor que tenho lido ultimamente.