Represei as palavras
para ver no que dá. Elas se espraiam
sob as sombras das árvores.
Fiz um barco e pus no lago.
Delineia-se agora
na gaze sobre o corte
uma palavra de sangue.
Lancina-se a alma em caminhos.
O que foi dito
há muito tempo, latejou
e escorreu da tumefação purulenta.
A vida dói, mas é a única poesia do cosmo.
Brilha um sol tímido
no retiro, nas planícies.
O monge manca.
Não há vômito sem revolta.
5 comentários:
Dauri, sentimento cortante...
Sangeu que mancha a gaze... vejo tudo vermelho...
Sinto a dor até a medula...
Assim percebo seu poema...
Ou sinto...
Beijos no coração...
Dauri, quase que enviava um e-mail para saber de você. Gosto quando atualiza, se demora fico preocupada.
Alívio de ver o blog atualizado. Tive receio de represar as palavras e não colocá-las no blog.
És palavra, és escrita.
beijo
Concordo, a vida dói, e vômito sem revolto é uma volta a nostalgia do nada...
Abraços.
Estou sempre presente por aqui, absorvendo seus instantes - não poeta - nessa imensidão de vida que, por ser vida é um instante.
Não sei. Essapalavra, hoje, parece me falar de vida e morte - prazer e dor - sutilmente lado a lado nesse "sopro que nem dá um segundo". Contudo, a gente insiste: mesmo sabendo o quanto é breve, ocupamo-nos em remexer e promover revoltas, procurando vida no passado, onde já não há mais como viver.
Para mim, é isso: um poema...um exercicio de reflexão.
Beijo
Dauri,
O que você escreveu me fez lembrar as escolhas que fazemos na vida. Não sei explicar.
Mas sinto ser forte o que você escreveu, com muitos significados que só você entende.
Sua escrita visual, é ver um filme, e me rebobina nas minhas lembranças.
bjs, um lindo dia!
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