19 agosto 2009

Represei as palavras
para ver no que dá. Elas se espraiam
sob as sombras das árvores.

Fiz um barco e pus no lago.

Delineia-se agora
na gaze sobre o corte
uma palavra de sangue.

Lancina-se a alma em caminhos.

O que foi dito
há muito tempo, latejou
e escorreu da tumefação purulenta.

A vida dói, mas é a única poesia do cosmo.

Brilha um sol tímido
no retiro, nas planícies.
O monge manca.

Não há vômito sem revolta.

5 comentários:

Ava disse...

Dauri, sentimento cortante...

Sangeu que mancha a gaze... vejo tudo vermelho...

Sinto a dor até a medula...

Assim percebo seu poema...
Ou sinto...


Beijos no coração...

Paula Barros disse...

Dauri, quase que enviava um e-mail para saber de você. Gosto quando atualiza, se demora fico preocupada.

Alívio de ver o blog atualizado. Tive receio de represar as palavras e não colocá-las no blog.

És palavra, és escrita.

beijo

Márcio Ahimsa disse...

Concordo, a vida dói, e vômito sem revolto é uma volta a nostalgia do nada...

Abraços.

Jacinta Dantas disse...

Estou sempre presente por aqui, absorvendo seus instantes - não poeta - nessa imensidão de vida que, por ser vida é um instante.
Não sei. Essapalavra, hoje, parece me falar de vida e morte - prazer e dor - sutilmente lado a lado nesse "sopro que nem dá um segundo". Contudo, a gente insiste: mesmo sabendo o quanto é breve, ocupamo-nos em remexer e promover revoltas, procurando vida no passado, onde já não há mais como viver.
Para mim, é isso: um poema...um exercicio de reflexão.
Beijo

Paula Barros disse...

Dauri,

O que você escreveu me fez lembrar as escolhas que fazemos na vida. Não sei explicar.

Mas sinto ser forte o que você escreveu, com muitos significados que só você entende.

Sua escrita visual, é ver um filme, e me rebobina nas minhas lembranças.

bjs, um lindo dia!