27 agosto 2009

(aqui) faltam letras, inconstituem-se
as rimas em versos desarticulados.

A sala apertada, a ânsia e a esperança na
sala apertada. Olhos de expectativa, entrevista.
Falar o quê, mostrar-se quem.
O vento levou as folhas, embora secas.
Ocupavam o coração com ilusões de
uma pequena fogueira, um sol de boa luz.
Deixou um vazio, um limpo vazio.
O que alguém pode ser quando
não se tem um trabalho. O pão.
Submeter-se em vôos sem resistir

às nuvens de tristezas, frustrações. Sonhos

de um dia. Um caminho bonito, um salário.

Quando o que se tem é uma roupa boa,
um sapato bem engraxado, mas a voz
embargada. A resposta, a porrada.
A entrevista foi mantida, mas a vaga,
a vaga já foi preenchida. Espera. Quem sabe
surge outra vaga. Vago amor de continuar
a acreditar. Um choro num sorriso.
Aperta. Dizer obrigado e sair da sala.
O universo não tramou, rabiscou
traços, raios, raios no destino (...)

É hora do almoço. Só o dinheiro da passagem.

5 comentários:

Paula Barros disse...

Eu volto...computador de casa quebrado, no trabalho, muito trabalho...li ontem, reli hoje, li o de hoje...

A sensibilidade de quem ver o mundo, ver mais que o mundo, ver o mundo muitas vezes rodando ao contrário, em desatino.

volto...beijo

Paula Barros disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Márcio Ahimsa disse...

gostei da imagem desenhada... a desolação fotografada numa película em preto em branco... e apenas um sorriso alvo lustrando o dia, meio morno, num fim de tarde, de volta para casa...

Abraços, amigo.

Paula Barros disse...

Dauri,
Gosto de lhe ver passeando pelo mundão de blogs. Me fez rir com o seu comentário.

Você diz que não é poeta. E eu digo que as palavras se derram de mim, sei lá de onde vem tantos pensamentos transbordantes. Acho que é um intercâmbio emocional de ler poetas e não-poetas.

bjs

Paula Barros disse...

...lembrei de quando sonhava em trabalhar, do quanto é importante para mim ter o meu emprego, ser indepentente. Se ler o seu texto pensando no tema desemprego, ele abre um leque para se comentar, para se pensar, refletir.

Mas eu fiquei tão habituada a querer ler as entrelinhas, a querer sentir a poesia que os olhos veem, que mesmo que prejudique a leitura real, eu tenho outros ganhos.

"Falar o quê, mostrar-se quem"
"Submeter-se em vôos sem resistir às nuvens de tistezas, frustrações"

E é quando me faz lembrar que não é só os desempregados que se sentem assim.

É impossível repartir o todo que você escreve, reparto para mim, em mim.

agora vou...abraço