(depois do romance japonês)
Os dias seguem rotas curvas.
Caravanas pelas janelas
atravessam o olhar de quem volta
por uma rua tortuosa.
Nela um velho monastério
onde se confecciona instantes
com fios de seda, ao som de sinos.
A boca seca ainda umidece
a pronúncia do seu nome
mesmo quando não se tem mais certeza.
O risco neste mapa é vermelho,
sol escorrido, testemunha
de passos de amor. Os dias
desenham linhas no centro do peito,
desejos de refazer o jardim.
4 comentários:
Dauri,primeira leitura.
Deixar a emoção entrar, deixar a beleza me tocar.
"onde se confecciona instantes
com fios de seda, ao som de sinos."
Gosto muito de bater fotos de sinos.Hoje bati numa volta por Olinda.
Tem dias que tenho que entrar aqui e sair e voltar, para saber se sou eu que estou sensível demais, ou se realmente você escreveu mais bonito, mais sensível, mais romântico, mais poético.
Lindo!!!
beijo
Camelos e a sede.
A sede, a SEDE do amor no coração dos homens e dos camelos e a resistência dos camelos e a carcaça dos homens no esqueleto da palavra e o camelo quase morto de sede e os homens quase mortos da sede de amar...
Memórias dos amores e da sede que saliva nas lembranças dos amores que umedecem e umidecem as bocas que pronunciam os nomes das donas das curvas.
Geografias que a palavra constroi, caminhos que essa palavra percorre, corpos, lembranças, vida e morte que essa palavra revela, relembra, escreve, descreve, avulsa...
beijo,
Refazer o jardim e quiçá fazer brotar nova flor. Desejo de jardineiro é sempre por flores e haverá de sussurar o nome dela equanto poda o caule dos dias que passam.
Rega essas raízes, Poeta, e revolve o húmus...
Abraçamigo.
(Ainda estou na celebração das chuvas e da colheita. Jardineiro? Não. Lavrador.)
Então, deixe as linhas curvas desenharem flores em seu jardim. Quanto mais difícil o trabalho, mais prazerosa será a sua contemplação.
Lindíssimo poema. Sensibilidade aflorada!
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