15 maio 2009

5
1Quando cantou o rouxinol,
o mesmo canto que se ouviu no Jordão
naquele dia, ele me mandou
acender luzes no quarto do silêncio,
ainda que no meio da tarde,
e ali ficar. 2Havia uma amargura
no ar dos meus respiros
que fazia arder meus pensamentos.

3Balbuciei palavras à luz da lâmpada
e respirei pensamentos de pedras,
montanhas, vales e estrelas.
4Entoei, sem recordar muito bem,
os misteriosos cantos dos Essênios.
5As palavras que pronunciei
repetidas vezes foram:
bebi nas fontes borbulhantes.

6Mais tarde ele se pôs ao meu lado
no recinto do silêncio
e disse: 7eu alastro o fogo
para que ele se exale em incensos
em muitos corações. 8Tenho ânsias
de caminhos e de encontros.
9Vens comigo?

2 comentários:

Paula Barros disse...

Eu li. O seu persongem não está sozinho, eu acompanho os passos dele.
E me vejo. Parei para refletir.

"Tenho ânsias
de caminhos e de encontros"

abraços

Elaine Lemos disse...

Obrigada pela visita, sempre tão presente, marcada sempre por um comentário tão pertinente. Vou tentar me espelhar na sua assiduidade, porque muito me apraz a poesia em seus poemas.

Um beijo.