07 março 2009

Encontrei no livro Um retrato de artista quando jovem de James Joyce (editora Alfaguara, página 201) a expressão Per aspera ad astra e tive a idéia desta nova série. Pelas asperezas às estrelas. Não acredito em inspiração, nem me considero poeta, nem sonho em publicar livro de poemas. Escrevo asperezas (inutilidades, insignificâncias) como deboche de mim mesmo, da minha mania de escrever em forma de versos (estrelas).

IV

O teclado
e a chave do carro ao lado.
Teclado e chave,
sinais de estradas, jornadas,
espírito de águia, às vezes asas quebradas.
Asperezas doem em cada dígito,
espadas, facas, punhais,
galáxias e pessoas em cada letra.
Amor, amar mais, talvez, sair por aí.
O que fazer? O teclado ou o volante?
Pegar o carro e ir pela beira do mar afora,
agora, embora a dor siga
junto. Nada melhor do que dirigir por aí,
escrever talvez.
Escrever caminhos na estrada, horizontes,
pássaros e voos. Te encontrar.
Escrever um coração nas asperezas
sem querer publicar livro, escrever para viver,
para reencontrar o rumo, para voltar e tornar a ir,
escrever alguém esperando o sol,
o sol mais lindo da vida,
sair por aí, pela beira do mar afora
encarando o sol e o dia, e ser feliz assim.
Te encontrar.
No ouvido dói
o coração. Poesias pontiagudas,
espadas, facas, punhais,
Bruce Springsteen canta
Working on a dream. Ir.
Te encontrar. Talvez.

10 comentários:

eder ribeiro disse...

Dauri poeta é aquele que consegue atingir o seu leitor e provoca emoções, e sua poesias funciona assim. abçs.

Unknown disse...

Amo vir aqui.

Anônimo disse...

O que fazer: poetar!
Me lembrei do poema de uma amiga: Poeta
Tem olho
de engolir o mundo
e boca
de vomitar excessos!

Beijo, poeta!

Sueli Maia (Mai) disse...

Eu sempre gosto e sempre volto justo porque lembro, não esqueço,não esqueço...
Gosto das palavras, do ritmo e dessa 'cambaleante' indecisão na certeza de que há muita vida.

Carinho,

Mai

Oliver Pickwick disse...

De igual modo a anterior, da série: conflitos do poeta com si próprio. Outro ótimo trabalho.
Um abraço!

Ava disse...

Dúvidas, dúvidas, dúvidas...
" O teclado ou o volante"...rs
Momentos em que nos sentimos perdidos...
Lindo o poema, mas vem acompanhado de uma tristeza !

Beijos

Branca disse...

Escrevendo, dirigindo...são momentos só nossos... pra mim de liberdade dos pensamentos...

Ótima semana pra vc!

Paula Barros disse...

Dauri

Fiquei imaginando se você pintasse.


Teclado e chave do carro nos proporcionam grandes viagens.

Palavras nos fazem viajar por dentro de nós e faz encontrar caminhos para viajar mais leve.

Gostei muito.

abraço

Adenildo Lima disse...

A chave o teclado e o carro...

o que tudo isso quer nos dizer neste mundo tão moderno?

fjunior disse...

poesia é ir pela beira do mar, sem rumo, apenas indo, sentindo pontiagudos, os versos que ferem o peito... as chaves, sempre...