25 fevereiro 2009

II

A folha amarela embelezada pelos dias
pressentia o ato puro.
Algo acontecia no seu vínculo com o galho.
A fonte da seiva negava-se.
Se as tardes não se repetissem,
ah, se as tardes não se repetissem...
Agora, temia que o vento chegasse
e lhe tocasse as partes mais sensíveis.
Temia que o arrepio fosse maior e...
Já vira tantas vezes a queda das desprendidas.

Enfim, o estalo. Levíssimo.
Como de um punhal que separa juntas.
Caía. Caía em balanço num sonho de pássaro,
ilusão de voo. Caía.
Um afogamento no ar.
Como será ser chão
pra quem abriu os olhos no alto?

18 comentários:

Ava disse...

Nossa, Dauri!
Me senti essa folhina caindo...rs
Fazendo um esforço enorme para continuar presa ao galho!
Que descrição incrivel!
Deveria se chamar outono...rsrs

Amei de paixão!

Beijos em seu coração

Ava disse...

Nossa, Dauri!
Me senti essa folhina caindo...rs
Fazendo um esforço enorme para continuar presa ao galho!
Que descrição incrivel!
Deveria se chamar outono...rsrs

Amei de paixão!

Beijos em seu coração

Paula Barros disse...

Me fez lembrar quantos sentimentos são ilusões, quantas quedas em voo livre, quantos afogamentos em pleno voo.

Só sei que é bom e necessário muitas vezes abrir os olhos, mesmo que a queda seja inevitável.

beijo

Joice Worm disse...

Boa pergunta... Como será ser chao?

Márcio Ahimsa disse...

Como será sentir ser chão? Será ser um mato verde que guarda quaquer coisa de verdade verde, de emoção marrom, de terra raíz que se mistura mesmo e se torna rigidez, sedimento de estar contanto, de estar acima, estar em baixo, coisa de qualquer leveza, que não há razão que explique.

Abraços, amigo.

Anônimo disse...

"Como será ser chão
pra quem abriu os olhos no alto? "

AMEI essa frase *-*

;*

Elcio Tuiribepi disse...

Caramba Dauri, hoje o seu sei lá...se me permite, já que não os define, caiu como uma luva dentro de minha alma...posso pegar emprestado para guardar...rss
Um abraço na alma da alma...

Ana Echabe disse...

Quantas vezes fui folha,
e tantas vento,
nunca galho,
me faltara coragem de negar
fluido vital.
um passaro, sim,
para alto o sonho levar,
e distante do chão deixar.
Vc agitou, e esse final hummm !
Abraços do sul.

Saara Senna disse...

Olá Dauri!

Boa pergunta.
Com será ser chão??

Bom, por mais "duro" que possa parecer, cair no chão de olhos abertos é melhor... encarar as coisas como elas são.

Beijo grande :)

Sueli Maia (Mai) disse...

Caramba!

Vou te dizer que esse texto estimulou o meu tato, crês?

Beijo.

Ava disse...

Volto... Para apreciar mais um pouquinho tanta beleza!
Para encher a alma de poesia...

Beijos

eder ribeiro disse...

dependendo de como olha a vida, o chão pode ser solo para se enterrar as raízes, ou a vida. abçs.

mundo azul disse...

__________________________________


...não sei!

Há uma coisa escondida nesse poema...


Beijos de luz e o meu carinho!

_________________________________

Carla disse...

"Como será ser chão/ pra quem abriu os olhos no alto?" Essa pergunta leva a uma reflexão profunda e necessária. Há muita gente por aí igual a essa folhinha! Mas eu acho que a própria queda ensina a cair.

Bjos

John Doe disse...

nossa li um atrás do outro, no fim acho que acabei misturando as idéias, mais tarde volto outra vez pra tentar digerir com mais calma, além do mais hoje estou pobre de pensamentos...

Paula Barros disse...

Dauri tudo bem?
Já lhe disseram que sua liberdade agora tem limites?
É, amigo, você não pode mais sumir assim,fico preocupada, sinto falta de ler seus poemas, sinto falta dos seus comentário...


Aqui chove. Já lhe disseram que saudades aumentam com a chuva?

Mas de tudo espero que você esteja bem. É o mais importante. Mais importante até do que essa saudadezinha que estou sentindo.


abraços

Anônimo disse...

Um punhal que separa juntas? Isso não sai da minha cabeça. Terrivelmente bom, poeta.

Um abraço.

Oliver Pickwick disse...

Unusual e extremamente bonita. A sua inspiração não conhece fronteiras, prezado amigo.
Um abraço!