(continuando a série Um mundo numa cozinha.
Depois da série com números, como já falei,
optei por escrever outra, escancaradamente,
sobre sentimentos. Eis.)
IV
Corri alegre pela estrada afora
uns dois quilômetros ou mais
até à encruzilhada.
Haviam me dito que minha mãe
chegaria no ônibus das quatro.
Corri. Menino esperto. Corri.
Me deixaram ir. Todos me conheciam.
Esperei. Passou da hora, tanto. Quando o barulho
do velho motor soou me coloquei de pé.
A nuvem de poeira na estrada foi aumentando.
O ônibus vinha, vinha, minha alegria, mas,
estranho, não diminuía a velocidade para parar.
O velho ônibus passou roncando forte,
não parou, ninguém saltou.
Corri, corri de volta. Como corri!
Era forte. Não muito o sol. Meu Deus,
aquela hora de que eu sofria
ameaçava se antecipar. Corri desesperado.
Haveria de estar antes, na cozinha, perto do fogo.
Certas horas matam impiedosamente
e aquela que vinha era uma delas.
Escurecia cedo. Se ela me pegasse na estrada
um pouco antes do pôr do sol, um pouco depois,
naquele dia, eu morreria.
Não, eu não sabia
... que a vida era assim
21 comentários:
Rs, é Dauri, a vida é assim, pois que esse medo é mesmo de frio, de ansiedade, de encontro premeditado pela vontade.
Abraços, amigo.
...
Essa é prá matar.
...
Você me faz viajar demais, de repente eu estou em na cozinha,e daí na parada de onibus, depois no fogão... Meu deus, páre com isso! hehehehe
Brincadeira :)
;*
Memórias de imaginar e de crescer.
Poema belíssimo, Dauri.
Essa é a palavra, belíssimo.
Abraço forte.
Continuemos...
NO CARNAVAL, EU QUERO É SACANAGEM
Resolvi fazer uma denúncia grave: Os atores de filmes pornôs estão com suas vidas sexuais comprometidas. É verdade! O carnaval, época de promiscuidades segundo a ortodoxia mais próxima a você, vem recheada de sacanagens.E das grandes. Eu, que sempre achei que o problema era o bumbum de fora, os seios declarando independência; as marchinhas de duplo sentido dentre tantas outras coisas, me sinto completamente enganado. Não deve ser fácil para o profissional do sexo, brochar mediante tamanha concorrência, praticada com tanto profissionalismo e incomparável destreza. A sacanagem não é mais a tradicional, aquela com o casal se esforçando ... mais em www.privadapopular.blogspot.com passa la
caraca... esse eu tenho q comentar!
como uma única frase ao final é capaz de destruir quem está lendo?
parabéns, como sempre, e bom carnaval!
Caro Dauri,
li até aqui toda série e pensei tantas coisas... primeiro, gosto desta prosa em verso, esta prosa quase-fantástica, longe da loucura da cidade, me lembra Gabriel (G. M.), lembro de já ter lido uma crônica-conto do menino que se banhava no côrrego e buscava águas em cisternas, algo assim, num dos apêndices do blog... e também, tenho que dizer: é tão doída esta prosa-verso... estes relatos... pois quando se é menino são tantas as esperas, umas em maior grandeza, outras nem tanto, mas qaundo se avizinham em nós, esta falta-espera muda tanto o que é a gente, vira a vida pra lá ou pra cá... enfim... tocante.
Ai, que angústia Dauri. Faltou fôlego para correr com o menino. Já estou ficando com raiva das minhas fotos do pôr-do-sol.
(quando coloquei a foto queria uma porteira, sem tempo, vi aquela e gostei. Mas você relacionou com o texto. Me fez pensar a vida, a minha vida. A vida nos faz pender muitas vezes, mas é importante ter leveza. Se não tem que se busque.... e eu uso tuas palavras.
"Não, eu não sabia ...que a vida era assim". Mas optei por viver.)
A terra gira
e nem tudo muda,
pus-me a cantarolar
e sob a fantasia na vereda...
Era magia e emoção.
Brinquei, dancei,
e esbanjei energia.
Mas não tenho saudade...
Era carnaval!
*tossan
Abraço
nosso blog
http://amigosnablogosfera.blogspot.com
É que a gente não sabia...da nossa própria inocência...um abraço na alma
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Era bom o tempo em que a gente não sabia... Crescemos e antecipamos nossas dores, pois, já as adivinhamos, mesmo antes de chegarem...
Lindo, muito lindo e sentido o seu poema!!!
Beijos de luz e carinho...
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Frustrações e desencontros. Eh! A vida é assim, aprendemos isso desde a infância.
Passando e relembrando, Dauri.
Abraço forte.
Bom carnaval.
Continuemos...
A vida é essa correria constante, e, somente, quando paramos que percebemos que correndo não chegamos há lugar nenhum. Carinhosamente Dinigro Rocha.
Oi Dauri!
Valeu pelo comentário.
Pois é, quando pensamos que a vida nos pegou, é porque ela já o fez há muito, muito tempo, nós é que percebemos em um tempo diferente, quase sempre idiossicrásico.
Um abraço fraterno!!!
Mas é assim; Dores e sabores, amores e pequenas tristezas;
Um bom domingo para você
Esses versos nos fazem ver coisas que estão muito distantes, no espaço e no tempo. O espaço aberto e vago do interior, o tempo urgente e vibrante da criança. É coisa de se emocionar...
Nas tuas narrativas, nos teus versos, nas tuas impressões, nos teus reflexos, é sempre bom vir aqui, puxar a cadeira e incansavelmente te ler. Porque flui. Bom demais!
de uma ponta à outra - muito para absorver!
aprovado!
abraços
Encontros/desencontros, alegrias/tristezas...
não, eu não sabia...que a vida era assim... bate uma saudade quando leio essa frase.
Tem Selo Personalizado lá no Sentimentos dedicado a todos os amigos, sinta-se a vontade pra pegar ou não...bjos!
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