14 janeiro 2009

Há uma casa nas montanhas,
e dela o vento traz
fragmentos de Deus.
Quando eles caem na superfície do tempo
formam ondas. Quando me vejo,
começo e desapareço.
O amor é líquido e as ondas
são concêntricas.
Depois tudo volta a ser placidez, silêncio.

Outras vezes tudo é diferente.
Talvez isto seja a prova
dos universos paralelos.

Da casa nas montanhas
vem um vento que traz
fragmentos maiores
de Deus, meteoros que caem no tempo
e me formam crateras. Quando me vejo,
pedra e poeira.
O amor é sólido e as bordas
são agulhas.
Depois tudo volta a ser aridez e escuridão.

13 comentários:

f@ disse...

Mas o vento porque não traz um perfume!?...
E o amor não é gasoso? a julgar pelo espaço que ocupa...

Beijinhos das nuvens

Sueli Maia (Mai) disse...

E eu, aqui na montanha em que vivo, também me sinto assim.Uma cratera, aberta por meteoros, que caem do céu e de mim mesmo, todos os dias.
Quando o meteoro cai, desarruma tudo. Viro um caos.
Cai de paraquedas num planeta chamado Urano e ele escangalha a ordem que eu levo um tempão prá conseguir. De novo aos caos, eu recomeço um novo rito.
Daqui a pouco, outro meteoro cai.
Eu acho bom porque sou Pedra e Poeira. Dura e leve...Mas não só... Sou Um Nada também, com quase tudo:terra, água,ar, fogo, madeira e metal, quando machuco.(não nessa ordem, necessariamente). Ai eu viro água, quando choro, porque magoei.
Sou tudo e nada porque mudo tantas vezes...
Sou Pedra e Poeira. Isto é uma loucura. Mas não tem problema...
A minha loucura sai em golfadas que me assustam e a minha lucidez, é muito chata, mas me ajuda a me organizar pro novo caos.
Desisti de entender esse negócio que vem e vai e quando volta, já é outro.
Assim, tentei ser flexível prá viver o quanto mais eu puder e amando o amor que é água mesmo..
Quem sabe eu aprendo alguma coisa nessa vida em que não muitas certezas ou quase nada nesse tudo.

Eu viajei outra vez....

Beijos, querido.
Obrigada!

Márcio Ahimsa disse...

...da casa nas montanhas rolam sonhos em meteoros de amores impossíveis, pois o possível só é possível quando há o impossível, a aridez e escuridão são caminhos de relva e luz, sem isso, não á possível.


Abraços.

mundo azul disse...

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Viajei nos seus versos!

...gostei muito!

Beijos de luz e o meu carinho,Dauri...

___________________________________

John Doe disse...

Fico aqui pensando em como descreveria em palavras um caderno, um simples caderno...

Anônimo disse...

Sonho?

Deixa deus vir no vento.

;*

ARTISTA MALDITO disse...

Olá Dauri

Venho com a madrugada e vou com este despertar do silêncio para uma brecha no tempo, onde é inevitável um novo iniciar cíclico de novas criações: "meteoros que caem no tempo e me formam crateras".

Beijinho com carinho
Isabel

Elcio Tuiribepi disse...

Fragmentos de Deus...somos pequenos fragmentos de Deus, aprendizes da alma, pedra e poeira, muito bonito amigo...um abraço

£ou¢o Ðe £Î§ßoa disse...

É na volta que nos encontramos, nesses instantes.

Até...

vieira calado disse...

Uma casa na montanha, em si, já é um poema.

Gostei do seu.

Um abraço.

BMFB disse...

que junção metafísica e cósmica que vai aqui.

são versos que espelham céus, muitos céus para mim. diferentes entre si, e provavelmente sobre a minha casa da montanha.

cada um deve concerteza ter a sua e deve olhar para cima e indagar como à milénios fazemos... mas cada um no seu tempo.

gostei

:.tossan® disse...

Este da montanha é um dos mais lindos!

Num firmamento utópico,
sobe um fantástico foguete
através de uma nuvem
com o conteúdo de uma vida branca.
No horizonte de um olho,
o mutante vai sumindo e assumindo,
nos incontáveis séculos que passam
como páginas de um livro grosso e santo.
E no espaço arqui-sideral,
um pássaro de fogo avança sem parar,à procura de outros mundos,
onde a vida e a morte sejam livres!
(por tossan)

Abraço

Carla disse...

Da minha janela vejo literalmente uma casa na montanha. Aquele pontinho branco em meio ao verde intenso da mata, visto aqui de longe, causa em mim uma vontade enorme de estar lá. O seu poema me trouxe essa imagem. Agora, toda vez que olhar aquela casinha, me lembrarei dos "fragmentos de Deus".