05 janeiro 2009

Desvirar o livro de poesia e se despedir dele. A poesia agora
se espalha pela rede. Apalavrar-se do futuro com amor.

O que se toma não sacia. O papel é pouco.
A trinca que se divide em duas
faz a xícara única, marcada, cicatrizada.
Viver a cada dia a poesia fora do eixo Rio São Paulo.
As margens são férteis, próprias para a cultura.

O que há no Monte Sião? O encontro não acontece.
A poesia se esconde no colo das crianças.

Não escrevo livros, a rede me oferece as letras,
a internet me põe ao lado, me faz próximo do estranho.
A beleza da orquídea acalma o coração. Paz é grito,
de cada dia, grito e trabalho espiritual. Ascese.
Viver cada dia é o que revela a alegria.

Quando penso em poesia penso em outra coisa,
o que não se contém, o que explode, big bang.

O universo se enche de versos, estrelas e planetas.
Num deles a surpresa, meu coração e o seu unidos
por sentimentos, perplexidades e mundos. Espadas
que se entrecruzam, cavaleiros nobres e medievais.
A pressão sobe quando se desperta o coração.

Deslivrar-se, ponderar a apalavração do amor e do futuro,
viver de poesia, abdicar de inspiração, escrever com pétalas.

11 comentários:

Sueli Maia (Mai) disse...

Oi, querido.

Tens razão, em quase tudo que está aqui, agora.
Teu grito palestino, reverbera aqui, fora e dentro do eixo do mundo porque não deveriam haver fronteiras, como esta rede que me colhe e me liga a ti e a eles...
Paz é mesmo exercício diário e é grito que há de estremecer, com certa dor, o que tiver lá dentro, selvagem.

Penso nas crianças... Penso e naquilo que se toma delas - o amor, pela força...
Leio tuas palavras e, não importa se em livros ou nesta tela.
Mas amo e sinto.
Sobre este teu grito palestino que grita pelos palestinos mas não só, porque também há judeus que não querem este sangue ou o café derramado e esta xícara trincada...
Ou este sangue na faixa de Gaza, trincada...
Em duas ou em tres partes.
De 500, outra metadede mil, e do trema que são dois pontos, excluídos da ortografia que uma alienação discute agora, enquanto crianças tem sangue em seus colos palestinos.

Há uma orquídia que desabrochou hoje, em meu jardim.
E há um pássaro morto, em meu quintal...

Beijo, poeta lindo!

:.tossan® disse...

É uma válvula de escape de um bardo constante que sente a vida da forma poética. Abraço

Sueli Maia (Mai) disse...

Ei, Dauri

eu sai, de novo com a caixa de lencinhos na mão.
E voltei porque as palavras até podem estar de novo ai, mas o poema não é o mesmo.
Não é.
De ontem ao agora, tantas coisas se perderam, tanta vida...
Este poema de 05 de janeiro, é outro poema.
Esta, talvez, seja a grande magia da poesia.
A grande alquimia dos poetas.
O grande milagre da emoção...

FERNANDINHA & POEMAS disse...

Querido Dauri, é mesmo como diz o nosso Amigo Tossan... Bela poesia feita de realidades... Um abraço de carinho,
Fernandinha

Camilla Tebet disse...

Poesia de figuras lindas.. parece mesmo que foi escrita com petálas. Sem abdicar da inspiração porque poeta tão desapegado não faz letra...como as suas.

Márcio Ahimsa disse...

Na verdade Dauri, eu preferia caminhar por um jardim que se estendesse por todos os quintais e, dali de um banquinho, ficar obserando as árvores serem plantadas pelas mãos das crianças-pessoas do mundo inteiro, porém, como tu dizes, essa xícara trincada acaba se dividindo em duas, coisa que sabemos que é uma, única, porém, o que há nela já foi derramado. Vamos esperar que os artezãos moldem essa xícara novamente, pois é preciso.

Abraços.

Elcio Tuiribepi disse...

Escrever com pétalas deve deixar uma essência diferente nas palavras, é arte para poucos...arte para Dauri...que a paz possa renascer na alma dos homens...um abraço...na alma é claro.

lula eurico disse...

Teu acutíssimo grito pela dor em Gaza, pela dor humana em Gaza, ecoou lá no Eu-lírico. Abraço fraterno.

Anônimo disse...

Sou uma fã encantada dos seus neologismos. E invejosa tb. E gosto cada vez mais de estar perto de vc. Quem sabe assim, respirando poesia, eu venha a descobrir como se escreve com pétalas, né?
Um beijo querido! Bem grande.

Clara Mazini disse...

"Quando penso em poesia penso em outra coisa"

Pensamos em tudo.

Um abraço.

f@ disse...

“O papel é pouco” e branco-…. Colorido … como o colo das crianças…
Sem marcas que a pureza impera…
Sem cicatrizes em feridas inocentes… puros arranhões e brincar aos médicos…
A beleza pura das crianças tb aclama o coração e grita todos os minutos … aleg ria…
Poética beleza que nenhum livro tem… e grito como o teu big bang… Uni Verso de sur presas que o coração tem estrelas cadentes cheio de perfume de flor das pétalas es magadas….

Beijinhos das nuvens