08 janeiro 2009

(as deambulações alquímicas passam por momentos críticos.
Muitas vezes, depois de muito trabalho, dei-me com fezes.
Tenho esperanças, se não nas mãos terei ouro no olhar,
ouro de desejo)

Viver na poesia e acreditar no deslivramento das palavras,

soltá-las em cardumes na rede, em bandos no ar, e deixá-las ir.
Deixar, deixar. Ir por aí e embelezar cada vez mais os dias
com muitos desejos de amor, de orquídea, de beija-flor,

de mar, de marlim azul, de mais ainda amor nos vales

ou nas margens do Brasil, aqui onde vivo, no Espírito Santo.
A orquídea coronariana se abre em corações que se libertam
da inibidora necessidade de inspiração para criar.

Crio províncias de poemas deslivrados e enfuturo-me em tramas

com outras vozes em muitas páginas. Desleitoro-me no despudor,
e autorizo-me, empalavrando os pés, as mãos, o sangue, o sêmen.
Desviro as pétalas dos dias e procuro outros universos

em cada frase escrita, em cada bomba que desarmamos.

Os fios que puxamos na rede formam laços, outros modos de amar,
a pressão sobe quando acordamos juntos. Mas é preciso acordar
para se propor como arte da própria edição.

8 comentários:

fjunior disse...

gosto desta tua honestidade com as palavras, este teu cuidado sacro com a poesia... é bem o contrário do meu desdém ordinário... rs

Sueli Maia (Mai) disse...

Olá, Dauri.

Ser um editor de si mesmo, empalavrando-se de poesia que é ouro!
Bem, todo escritor empalavra-se de uma espécie de liturgia de um ofício que o transforma, a cada dia, em mil personagens que pululam em sua mente.

Este é um ofício de transformar em um rito, num fogo que arde e que derrete, palavras, em ouro...
Em vida.

Nem sei o que dizer daquilo que estou sentindo agora
É como se eu tivesse assistido a um parto.

nem sei....

Elcio Tuiribepi disse...

As palavras esdtrão sempre nascendo, aflorando, surgindo...assim elas são. E que assim continuem...um abraço na alma, um abraço em suas palavras...

Paula Barros disse...

"A orquídea coronariana se abre em corações que se libertam
da inibidora necessidade de inspiração para criar"

Dauri, hoje vou por partes. (voltarei)

Comecei a ver vários corações se abrindo sobre a pele em forma de orquídea a cada emoção que brota.

Gostaria de ter o poder de fotografar o que penso. Já que não sei pintar.

O seu significado de fezes e momento crítico, não passou para mim no que leio, muito pelo contrário.

bom dia!

Paula Barros disse...

Ainda estou lendo.....

Márcio Ahimsa disse...

É essa coisa do desempalavrar-se, desnundar-se da palavras, desvestir-se de inspiração, vestir-se de vento, tomar um gole de chão, um gole de rua e caminhar as mãos pelo universo irrestrito do dia-a-dia, sem pausa.

Abraços.

Márcio Ahimsa disse...

É essa coisa do desempalavrar-se, desnundar-se da palavras, desvestir-se de inspiração, vestir-se de vento, tomar um gole de chão, um gole de rua e caminhar as mãos pelo universo irrestrito do dia-a-dia, sem pausa.

Abraços.

Anônimo disse...

Dauri. Estou lendo, desde lá de baixo, a fase da alquimia.
Você vestiu a realidade em palavras, ou então quer travesti-la em vocábulos, antes depurando-os no cadinho "pessoal" e particular.
Claro que sempre surgirá o ouro. Porque, você já acumulou, na "orquídea coronariana",uma visão abrangente e única do mundo. Pode agora livrar-se dos livros e das vozes ancestrais. Pode caminhar nu e de peito aberto, "lançando bombas-palavras" para a edição de sua arte.
Sua liberdade é a riqueza interior que possui hoje e pode esbanjar, apropriando-se de todos os verbetes dos dicionários. Não, como palavras-mortas( como estão nas páginas dicionarizadas) mas, como palavras-fogo, palavras-raiz, palavras-purificadas.
Enfim. Você, hoje, recria o mundo alquímico. E a beleza dele traz a revelação: suas poções criaram o ouro. SIM!
Beijos para você.
Dora