15 setembro 2008

O leitor, o livro (o filme), a casa, o olhar...

Retira os óculos e descansa da leitura.
Levanta, anda pela sala,
pesa-lhe um sofrimento indistinto,
não sabe o que pensar,
não sabe o que fazer.
O ator em desempenho,
todo o sentimento,
tudo o que podia.
O rancor típico – retoma o livro –
de quem fez o melhor
e não foi reconhecido.
Por que é sempre assim?
Era de se imaginar que a importância do papel
pudesse lhe causar um prejuízo.
O coração aperta,
perde o compasso;
ele larga o livro, avança altivo,
vai para uma das janelas
da linda casa cheia do vento frio
que desfralda como bandeiras velhas
as cortinas brancas amareladas.
Olha ao longe no azul do dia,
procura sobre as colinas de setembro
e não vê nada.
Me vejo.

7 comentários:

Joice Worm disse...

O livro, a casa, o olhar... Parece a descrição da minha semana.
Muito legal, Dauri.

Carlos disse...

Também é óptimo ler seus poemas que nos trazem a realidade envolta em poesia.
Quantas vezes experimentei essa angústia e esse alvoroço.
sentimos que a mente foge e o corpo estático é quase um pilar de betão.

abraço

Camilla Tebet disse...

E ver-se já é um tudo quase insuportável, pro vezes.
Adoro seus textos.

Vivian disse...

...desnudar-se sempre foi um processo doloroso...poucos chegam até o final, que nem sempre é agradável de se ver...

C. disse...

cada vez mais belas, porém, solitárias, as suas palavras. eu gosto.

Tiago Soarez disse...

Dauri,
Confesso que a poesia nunca foi algo que me cativou... Mas desde que comecei a visitar seu blog, venho pensando muito diferente. Gosto do que você escreve e me vejo em algumas situações.

É sempre mto bom passar por aqui!

Grande abraço

Bossa Nova Café - textos, música e arte!

Anônimo disse...

Amei!!!!
=D
bjos