18 setembro 2008

As ruas, o asfalto, os meninos, o olhar...

Corre, o irmão grita,
corre, corre, e ele vai
como se a corrida na chuva
fosse esquentar dentro dele
uma ausência, uma parte fria, sempre.
Chove e as ruas tão íntimas
se iluminam de baixo para cima,
faíscas, faíscas. Que lindo!
A corrida mais longa que uma brincadeira
faz com que perceba a escuridão.
Se abriga num beco
bem junto ao irmão, colados, escondidos,
ofegantes, água e espanto
escorrendo pelo rosto. Meninos.
O irmão confere o dinheiro do dia.
Por que estamos fugindo?
Como resposta ouve tiros, gritaria,
eles estão aqui, eles estão aqui.
...

Vê o irmão correndo, chamando por ele,
O irmão corre, corre chamando por ele.
Tudo fica ainda mais escuro. Tem sono.
Quieta, a platéia assiste “Setembro”.
Me vejo.

7 comentários:

Silvio Locatelli disse...

escrevendo roteiro de cinema agora?......rs.....ao ler seu texto me senti dentro de um filme....muito bem narrado....

abraço grande.

Anônimo disse...

Na vida selvagem da cidade quanta inocência:POR QUE ESTAMOS FUGINDO?
Muito real.
Abraços
Maria Helena

Carla disse...

Na minha incansável procura por bons textos, parei diante deste, li, reli, e refleti. Posso visualizar a cena tão comum nos nossos dias, que, narrada assim c/ tanta singeleza nos toca o coração.

Tiago Soarez disse...

Dauri,

Não preciso nem comentar o quanto gostei do que li.

Gostaria de criar um post em meu blog indicando o seu. Gosto muito do que você escreve e foi por aqui que comecei a tomar gosto por poesia... vc se importa se eu divulgar seu blog?

Abração!

Bossa Nova Café - textos, música e arte!

Anônimo disse...

a riqueza dos teus textos nos acrescentam vida e nos remetem a muitas outras leituras que ambas oferecem. marcas profundas deixas sempre, Dauri. meu abraço.

Luna disse...

Não só as estações, mas elas nos fazem lembrar a roda do sansara,tudo passa tudo passa
abraço

Zzr disse...

Uma honra ver meu blog por aqui, Dauri. O essapalavra também ficará na minha lista. Merece cada vez mais acessos... sempre que volto me deparo com uma supresa. E concordo com as pessoas... você parece narrar um filme. Porém, um filme da nossa realidade que a gente insiste encarar como ficção.

Um abraço.