Arrebente-se em sonhos (já em setembro)
Telhas de barro malcozido, mau assentadas,
luz pelas frestas formando anjos compridos,
muitos, de pequenos fios e coisinhas flutuantes.
Calmo o sol avança ignorando o desejo, os sonhos
que se foram embora. Já em setembro
tantos se foram, poesia que não vivi.
Outros sempre chegam, sem convite,
descarregando desejos que me eletrizam.
Olhar para o alto sem saber o que fazer exatamente,
mas com cada músculo pronto para saltar.
Telhas que deixam passar o que deviam reter:
estes raios compridos, insufladores, instigadores.
Em qualquer lugar e de várias formas
me dou com eles a sussurrar: arrebente-se em sonhos,
refaça-se em rebeldia a cada sol que se levanta.
Eu queria me amansar, mas não me disciplino,
o que me faria bem-aventurado não me faria feliz.
Deus mesmo é o culpado.
9 comentários:
há, até, a necessidade da fresta no telhado para sentir deus, mesmo que seja para lhe culpar. abçs.
Eder, Deus mesmo é o "culpado" por fazer o homem inquieto, a criar-se a toda hora, rebelde, sempre a inventar coisas, a buscar novos caminhos, estar sempre com os músculos retesados para novos passos, sonhar novos sonhos a despeito de tantas frustrações.
Nos seus versos, revejo imagens e cenas que, na adolescência, eu extraía das frestas e projetava nas paredes da minha casa, no final de um dia ensolarado, em tardes de domingo.
Muita gente no apertado espaço, muitas preocupações...
Mas os raios dourados de sol ajudavam-me a sonhar e apostar na vida. E, se Deus é o culpado, que bom! enquanto há vida há inquietações e, a gente vai levando...sonhando.
Beijo
Dauri...
Sim, é setembro, já é tempo de sonhar. Enquanto que no hemisfério sul a primavera faz despertar amores e poesias , aqui é quase outono. Uma mansa melancolia enche os ares. É tempo de refletir, de curtir a casa e escrever longas cartas...
Abraço
Oi querido
Pode reclamar, tô sumida mesmo, é que tudo sumiu... empregada, faxineira, etc... só não sumiram as roupas sujas, a casa suja, o serviço, a falta de tempo, snif...
Ano passado falei que ia ve vingar de setembro que insistia em levar embora as pessoas que mais amei, nada feito, ele continua me perseguindo...]
Estamos pensando num café terça de tardezinha... se der vamos te ligar
beijos e bom restinho de domingo
Oh dilema mais q compartilhado em seus vários ângulos:
"o que me faria bem-aventurado não me faria feliz"
bjim
Dauri,
Antes de mais nada, gostaria de te agradecer por ter me incluído na lista de blogs que você visita. Gostei muito!
Agora, sobre o post, além de ter gostado muito do que você escreveu, eu visualizei a casa, as telhas, as frestas e tudo mais.
Muito bonito mesmo!
Ótima semana para vc!
Abraço!
Bossa Nova Café - textos, música e arte!
Setembro vai, setembro chega, no ciclo das estações, e os sonhos teimam em permanecer. Qualquer fresta por onde os raios de sol escoam...o sonho aparece, o devaneio, a imaginação: enfim, a rebeldia de quem não quer ser "bem-aventurado", mas quer ser "venturoso".
Poeta é indisciplinado, de nascença!
Abraço para você, poeta!
Dora
"Eu queria me amansar, mas não me disciplino,
o que me faria bem-aventurado não me faria feliz"
Você também escreve o que muitos sentem. Bem, pelo menos o que eu sinto!
Lindo!
bjos,
Ly
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