11 setembro 2008

Me espero água a noite passa

Palavras águas
me molham e de pouco
me alivio dessa alma
arteira que me inventa seco
diferente a cada frase
a cada lua mais sedento.
Tenho vontade de dormir
não consigo
as palavras águas são poucas
gotas. O que me vira são episódios
de aflição em capítulos longos
coisa sem nenhuma razão resseca.
Me espero água a noite passa
palavra que acaba não a aflição
não volto sigo na ânsia ressequido
avariado navio encalhado
em hora de maré que demora.
A janela muralha dorme fechada
mesmo com o sol levemente erguido
parede batida pela chuva
que ouço forte lá fora
escorre água bendita não morro.
Há uma fresta.

6 comentários:

lula eurico disse...

Dauri, venho te ler com a respiração suspensa. Sempre há algo novo e surpreendente.
Agradeço pelas tuas palavras quando me visitas. Faz bem ser teu amigo, Poeta.
Abração, cheio de fraternidade!

Anônimo disse...

Necessidade das palavras "águas" para essa secura que parece "aflição" mesmo! Mas, a espera é a esperança: "há uma fresta" e a chuva (de águas)nasceu para todos(assim como o sol...). Para o poeta, ela não se negará.
Sabe que a Arte também habita seu blog, Dauri.
Abraço, poeta.
Dora

Joice Worm disse...

Este seu poema descreve a minha falta de inspiração para escrever um conto... Estive horas em frente ao computador e também com uma folha em branco a minha frente... A espera... A espera, não de água, mas de letras, de idéias...
Finalmente, ao cair da noite. Fez-se luz! Aleluia!
Um grande abraço, Dauri!

Unknown disse...

"que a água lave a dor que sobra, para que eu só tenha aquela que precisa me banhar na experiência. que não hajam grandes fontes, mas pequenos rios, afluentes, para que minha vida seja contínua em mim mesmo. que eu não esteja emergindo futilidades e que, em mim, esteja imerso!" - abraço.

mundo azul disse...

São momentos de nossa vida...

Um poema desabafo!


Beijos de luz e o meu carinho...

Padmei disse...

como li um dia "em meio ao horror, alguma coisa compensa o caos".