Sem sino só sina
Pelo que já não entendo se o sino bate às seis da tarde
como vou entender a sina boba que as coisas têm
e as pessoas. Antes eu sabia eu pensava eu me prendia.
Hoje vejo passarinho solto me entendendo no que ele é
- pulsão para viver que tudo tem, até as pedras -
com pequenos vôos e aproximações
para dizer o alpiste acabou na vasilha no jardim.
O medo assomou nos arrozais bairro novo
antigo sossego, muita gente, meninos pelas ruas.
Um estampido me pegou em distração
quando eu dirigia com cuidado o caminhão baú cheio de leite
longa vida soda cáustica corroendo nossas tripas.
Um rapaz caído morto muitos tiros
no coração um só, sem perdão.
O pó o dinheiro, povo em volta pólvora sem explosão.
A gente também morre quando morre gente assim
mas depois esquece e vive em enganos
como se morto também não tivesse sido
naquela hora sem sino só sina. Quem são os assassinos?
11 comentários:
Meu querido, jamais matarão seus sonhos, jamais matarão tamanha sensibilidade, Que nos faz chorar...Então pega essa caneta e nos faz melhores, encontrando-nos com nossa humanidade...
Se não nos esforçamos, morremos mil vezes por dia...
Seu texto tem uma sonoridade interessante.
Beijos.
"no coração um só, sem perdão"
Quem??
Nossa, eu sempre fico boba quando leio seus poemas, vc escreve muito bem, coisas tão bonitas...
Parabéns!
bjosss
Querido Amigo
Seus últimos poemas doem, mas são lindos...
Também tenho olhares jovens a sobrevoar em mim
beijo e luz
Caro Dauri...
Que saudade...quanta poesia ...tudo lindo!!!
Me encanto com tudo que voçe escreve.
Da minha viagem...poesias? Os lugares são mágicos!
Talvez se tornem naturalmente poéticos para aqueles desejam.
Os cafés floridos, as ruelas, as pontes, história...
Pena que o encanto é quebrado pela falta de cordialidade... e excesso de frescura.
Acho que "uma simples xícara de café",da Fauchon(aqui)...com um amigo também terá muita poesia.
Tem um pra ti.
Abraço forte
Mesmo não nos reconhecendo na ponta que se arrebenta e na onda que tremula os vários tons dessa trama, deixamos nossas digitais nos fios que tecem a rede.
Beijos
Jacinta
Cena reflexiva
pensar as coisas
pensar a sina
...
Muito boa a imagem:
"Hoje vejo passarinho solto me entendendo no que ele é
- pulsão para viver que tudo tem, até as pedras -
com pequenos vôos e aproximações
para dizer o alpiste acabou na vasilha no jardim."
:*
O poema denota experiência. As aliterações deixam-no propício a uma leitura em voz alta.
Abraços!
Olá Dauri belo texto amigo...
Aliás mais que um texto, um desabafo as tantas e tantas que acontecem sem que nada lhes aconteça...abraço...
Uau. Grande Dauri.
Com este sentimento, papel, e caneta na mão... saem as letras (mesmo que virtualmente). Que sorte a nossa ter à mão a tecnologia para aproveitar de ti esta imensa sensibilidade!!
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