Os passos mais criavam a queda do que um caminho,
mas ele seguia como se abrisse uma estrada.
Corria no estômago uma fome navalha
uma fome cortante que nem um pão sacia,
e para além do que ele podia ir, caiu,
espatifou-se com a cara no chão e se viu,
por um instante se reconheceu no rés,
no destino de chão, no gosto de sangue na boca e poeira.
Passado o instante voltou a agonia
de correr, ir e saltar sobre o precipício
como se o correr e a agonia formassem penas,
... e leveza.
10 comentários:
Faz imaginar um bêbado equilibrista desesperado.
mas sempre haverá a necessidade do passo, que diga o macaco, pois o passo dado deu em nós. valeu.
O movimento da pressa é angustiante.
Mistura de agonia, correria, desequilíbrio, insensatez...
Não se sabe por qual razão
...são muitos os motivos que levam a agonia de correr.
Abraçao.
Tive a mesma impressão que a Joyce!
Grande abraço,
Uma semana Bossa Nova pra vc!
Cheguei até aqui por um acaso e adorei conhecer seu trabalho poético.
Muito boa a sua poesia viu. :) Parabéns!
Fica meu meu convite para que venha conhecer o “Ipsi Literis”, [ http://ipsiliteris.blogspot.com/ ]. É um blog novo ainda e também de poesia. Até breve... um abraço
"Os passos mais criavam a queda do que um caminho,
mas ele seguia como se abrisse uma estrada"
Simplesmente perfeito!
Adoro tudo que você escreve... e esse em especial ficou magnífico, parabéns!
bjos
Gostei da brincadeira de sons do poema anterior!
Neste, o final me convenceu, apesar de ter me desinteressado no meio.
intrusa. beijo
Vou lendo e tento captar seu poema...
Seguir, trôpego, abrindo estrada(que, portanto, não estava aberta...). Na fome( na ansiedade) que não é carência de matéria física. Reconhecer-se na dor do destino que o quer ligado à terra.
Mas, é preciso cumprir a missão de "correr" e arriscar( no salto do precipício). Mesmo porque correr e agonia são as PENAS, ou sofrimento, mas podem ser elementos das asas(que conduzem ao vôo e à leveza).
O jogo com a palavra "penas" ficou interessantíssimo!
Enfim, seus poemas, de aparência simples, escondem, na verdade, fundamentos essenciais do "fazedor de poesia".
Beijos, Dauri.
Dora
Meu correr e minha agonia transformam-se em chumbo.
Pesam,
muito,
ainda.
beijo
"Corria no estômago uma fome navalha
uma fome cortante que nem um pão sacia".
E a leveza. É a fome que o pão não sacia.. e ela acaba se manifestando em belas letras.
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