29 julho 2008

Decidi...

Pronto, decidi escrever sobre os nadas
e sobre coisas que não mudam nada,
e pra começar escolho o fim do dia,
momento bem triste quando acendo as luzes e penso
sobre o momento feliz que se entregou para mim, agora
e quando o dia amanheceu. Fim do dia.

Decidi que não perco mais tempo
escrevendo soslaios e poemas.
O que escreverei será um rasgo na caneta
só pra ver como escorre manso
esse alquímico sangue azul
que me mancha de palavras desnecessárias.

Decidi que as inutilidades que escreverei
serão simplesmente pigarreios da garganta
em cada dígito do teclado,
limpando as cores das cordas vocais
para uma conversa animada
com qualquer um que pintar
e sobre qualquer nada.

Decidi que o meu destino e meu rumo será flor
mesmo que o que escrevo incolor
sejam atos desesperados para desendoidecer,
ao mesmo tempo em que a cigarra canta na estrada
também ela desesperada, imagino,
declamando meus poemas bem melhor que eu,
pois que canta meu rumor e dispensa minhas palavras.

Decidi que serei sincero na teima de dizer,
ainda mais do que sou, e esconderei
o sentimento perfumado que se perderia
se eu o borrifasse nas entrelinhas
para dizer confissões que não me converteriam
nem aos caravaneiros que transitam
pela brancura das minhas palavras vazias.

Decidi que me encontrarei em altivez
aqui no lindo posto em que me estabeleceram
no horizonte mais distante que alcancei
e daqui, aguerrido, determinado, traçarei o olhar
que reconhecerá outros aventureiros buscando a pedra
e se puder os avisarei que o diamante azul
transforma os sonhos em penas para o travesseiro.

Eu não quero dormir, não quero ficar dormente.
Revelo pra quem quiser saber um meu segredo,
não tenho mais medo: eu escrevo para não adormecer.
essapalavra é um grito para mim mesmo: acorda, vê. Desperta.

4 comentários:

Paula disse...

E com essapalavra convida/ intima outros que aqui passam para tamb�m despertarem!
Grande guerreiro!

�s bem-vindo no invas�o.

Jânio Dias disse...

essapalavra me desnorteia
e permeia meu ser.

Jânio

Wellington Felix disse...

Essa palavra que é flor é é punhal, é ceiva e é sangue que derramada por sua caneta, constroí sonhos e desvela realidades, não adiantas negares, és poeta em cada tecla com asas

VaneideDelmiro disse...

Amei "essa palavra" toda!
Meus cumprimentos!