27 junho 2008

Sem condições de resistência

Se eu pudesse - sinceramente lhe digo -
sondar agora em mim o que se passa,
pássaro que voa ligeiro num coração dividido,
que iludido se imagina certo e decidido, eu sondaria.

Mas o que me acontece não me permite
examinar o pensamento que voa,
como se viesse de um outro universo
ainda que dentro do mesmo coração.

Procuro me manter fiel aprendiz
e anseio pousar meus entendimentos
sobre os segredos que um cavaleiro,
para se fazer quem é, precisa conhecer.

Coragem, bondade, pureza. Procuro.
Meus pensamentos, contudo,
os mais leves e claros,
os mais sinceros e espontâneos

voam para as suas flores e lagos
se banham e se encharcam de vinhos
e amores, muitos amores,
os que você me dá, os que você me toma.

Embriagado de estranha lucidez,
sou forçado a dizer: não, não me vou entender
Abandono-me, é melhor.
Sem treinos, nem anseios, só amor. Meus caminhos,

tanto os que trilho com a sola áspera dos pés,
quanto os que faço com as asas perfumadas do espírito
me levam, sem condições de resistência,
até Você.

10 comentários:

mundo azul disse...

Às vezes, não entendemos mesmo...É nos deixarmos apenas, sentir!
São bonitas as suas palavras...
Beijos de luz e um final de semana maravilhoso!

Camilla Tebet disse...

"me levam, sem condições de resistência,até Você. ". Às vezes não importa o jeito de ir, com pés ou asas..embriagado ou lúcido, se és sincero e espontâneo, nem resistência se apresenta pra chegar onde queres.
Adorei o texto e pouco sei comentar poesia,so sorry!

Jorge Elias disse...

A embriaguez da razão; da lucidez.
A sobriedade do sonho...

E nós perdidos na indecisão.

O feijão e o sonho.

Abraços,

Jorge

Daiane Thomé disse...

foi você que escreveu?
Wow
^^

bjus

Dauri Batisti disse...

daaia,

Fui eu sim que escrevi. Mas meu "processo" de escrever me exige a construção de personagens que dirão o que digo. Eles escrevem comigo. Tenho, portanto, co-autores. É claro que os personagens são meus, ou são outros "eus", mas afinal... são essas invenções a que se presta quem gosta de escrever.

Volte sempre. Visitarei teu blog.

Um beijo.

Silvio Locatelli disse...

caramba!!

agora vc pegou pesado, parece q escreveu com o coração na ponta dos dedos....forte, intenso....MARAVILHOSO!

É percebido em sua fala um desbravar de sentimento capaz de tocar a sensibilidade de cada indivídio que aqui se faz presente..

PERFEITO!
PARABÉNS DAURI!


SILVIO LOCATELLLI

Anônimo disse...

Pois é, poeta. Treinos, sondagens, indagações...Não são necessários para um encontro no Amor. Sobretudo se o Amor vem acenando com tantas sensações prazerosas de "flores e lagos", "vinhos e amores". Melhor não resistir. Caminhar. Mesmo de "coração divido".
Abração.
Dora

Jânio Dias disse...

Obra prima, amigo.

Joice Worm disse...

Se não tens um livro editado, está mais do que na hora de teres um!! Todos os poemas que li, me encantaram. A alguns, nem vale a pena comentar. Nos faz viajar interiormente para reflectir. E as palavras seriam de pouca ajuda para descrever tal sentimento.
Bravo, Dauri!!! Bravo!!

Anônimo disse...

Sem comentários..
Sentimentos, emoções..por ai...
Linda demais...
Parabéns!

Bjs