03 junho 2008

Ordinário, comum

Escrever poesia é fazer
o mais ordinário caminho,
é percorrer a mais comum das vias
e atravessar a ponte do desfiladeiro
por onde todos passam
mesmo sem fazer poesia.
Por isso fazer poesia é tentar escrever
(sem pensar em publicar livro,
sem certeza de nada,
sem necessidade de bondade
só pelo espírito de carpinteiro,
pelo gosto dos desertos
e das conversas esparsas)
uma pousada de poucos quartos
nos descampados áridos por onde segue
o mais ordinário caminho
e a mais comum das vias.

13 comentários:

Mike disse...

poesia é um estado de espírito... é nara leão cantando 'insensatez', como no vídeo, sem maiores pretensões além de um momento mínimo, e mágico!

:: Daniel :: disse...

Sábias palavras!

Beto Mathos disse...

Escrever poesia é transformar penas em letras. Assim mesmo, displicentemente, inocentemente, com paixão, como você bem o faz.

Jânio Dias disse...

Obrigado você, poeta!

Elcio Tuiribepi disse...

Endosso suas palavras amigo...
Quanto a Nara Leão aí, show de bola, dá saudade...grande abraço e parabéns pelo seu modo tão abrangente de colocar as coisas ou a própria poesia através de suas palavras.

Anônimo disse...

Poeta. A matéria da poesia pode se encontrar em qualquer realidade, pobre, miúda, rasteira.
O que cria a poesia é o olhar do "viajante" que se espanta e se surpreende diante daquilo que os demais pousam "olhares" habituais.
Ou seja, o poeta consegue des-habituar os sentidos e vê tudo como uma criança (sem se infantilizar...contudo) vê: um risco na parede pode ser uma alvissareira novidade para um menino engatinhando...
Eu vejo sua poesia assim:um sopro de revitalização sobre o que se banalizou e se tornou comum aos "desapercebidos".
Gosto de sua estilo, mas, não sei muito "teorizar" sobre escrituras...rs
Meu abraço.
Dora

Josely Bittencourt disse...

Ei Dauri,

essa certeza do nada, não sem ela, mas com ela é o que move criar. O primeiro momento da palavra, aquela em q ela não existe, onde só pulsa a vontade, tudo parte desse instante.

hummm, Nara...Muito bom!

Carlinhos do Amparo disse...

A Palavra, sim, a Palavra, escrita ou falada é a mais comum das vias. Um texto que se debruça sobre a travessia desse arriscado desfiladeiro, um metapoema belo e profundo.
Grato pela tua visita ao Sítio d'Olinda.
Um "inconfidencia" publicada no post "Quem sou Eu" do blog Eu-lírico, revela minha verdadeira face, amigo Dauri. De ti não posso esconder esse segredo que já é público. rsrsrs
Abraço fraterno.

Anônimo disse...

Uma vez, qdo eu tinha a absurda intenção de ser poeta, me disseram que fazer poesia é olhar a realidade por detrás das lentes.
Como abandonei minhas pretensões, não descobri o que há por detrás das minhas...rs... mas sei que vc é poeta. E sei por um simples motivo: a sua poesia é capaz de ler até mesmo a minha falta de poesia!
Um beijo!

Katia De Carli disse...

Meu querido
Às vezes acho que é doença essa coisa de fazer poesia... hoje estava no trânsito, pensando sobre um sonho e, de repente, percebi que pensava em forma de poema.
Será que estou enlouquecendo?
Ou será força do ofício?
beijo

Joice Worm disse...

"Poesia é ter inteligência para reconhecer em tantas palavras, qual delas irá chegar ao coração" Joice W.

Adorei!!

fjunior disse...

a poesia é o agora... mesmo que ele já tenha virado passado.

ROSANGELA DE CARVALHO disse...

QUE METALINGUAGEMARAVILHOSA!
OBRIGADA P VISITA, AMEI ESTA SUA POESIA...AKI JAZ A PRETENSÃO DOS QUE SE ACHAM POETAS! GOSTEI!
BJIM