Dizer, dizer com prazer, é o que conta
Já vou indo e dirigir me causa um prazer lindo,
maior que a estrada. De onde virá a letra que se somará
a outra e formará a palavra exata, os bytes que falarão?
Já vou indo, pra dizer um sentimento. Que seja bonito.
Forço o olhar no dia azul de junho, pensando,
e à noite levemente fria exponho minha pele como radar.
Quilômetros e quilômetros. Uma letra, outra, uma palavra,
um sentido, outro, arranjados em rosas de papel.
Não há súbito entusiasmo criador. Há dor, flor, há que se viver.
A única coisa a fazer é cortar uma letra depois da outra
com um instrumento que se assemelha a uma tesoura;
lábios e língua se ajustando em ensaios,
cortes e recortes experimentando sons, formas, rosas;
e então colar cada folha e as pétalas com um tal grude.
As tristezas e esperanças bobas compõem o grude.
Também as dores e alegrias ingênuas, gosmas escorridas
e somadas às lágrimas de risos - que de tão fartos fazem chorar -
do que se vive, de quem se é. Dizer, dizer com prazer, é o que conta.
Não importa a dor, nem a cor, nem os dias.
Seta ligada, redução de velocidade. Entrar no posto.
“Por favor, encha o tanque. Tenho uma longa estrada adiante.”
“Bonita música esta que o senhor está ouvindo... não entendo bem...
fala de amor?”
4 comentários:
Tanto tempo sem vir aqui... falha minha, e sei... e me perdi nas suas palavras, ou talvez tenha me encntrado, não sei direito.
Só sei que meu coração anseia por palavras de dor, amor, saudade e essas coisas todas que doem mas que são boas (contraditório, né?) e o que ele fala encontra eco aqui.
Hoje estou só contradição...
E para rimar... se importa não!
Beijo e luz
todas as canções são de amor, Dauri...
Todas as canções são de amor, Junior?
Pode ser.Variados e diferentes amores. Tens razão.
Você deveria escrever mais prosas.
Abraço!
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