Sílabas
Sinto-a
atravessada na garganta
amarga na língua
querendo tomar voz
dizer-se em palavras
e reclamar tua presença.
Meu orgulho em saliva ácida
quebra-a em sílabas
tentando impedir-me
de dizer o que sinto.
Sau
da
de.
Vou devagar
olhando a paisagem.
Já sei que teus caminhos
se vão bem longe dos meus.
Não há como te encontrar.
O entardecer me entristece
mas depois que aceito tua decisão
o adeus do dia em seu fim me acalma.
Meu olhar e o sol
se guardam para outro amanhecer.
11 comentários:
A saudade não é salgada, não.
A saudade é doce.
Beto,
você quis dizer que a saudade não é amarga? Foi um ato falho? Ou foi consciente dizer que a saudade não é salgada?
A lágrima é salgada; a saudade, em certos momentos amarga a alma. Mas a vida... ah, desejo acreditar... a vida é doce.
Obrigado pelos comentários.
O ocaso pode nos trazer tristeza, "mas é claro que o sol vai voltar amanhã, mais uma vez..."
Abraço fraterno.
As sílabas da saudade. Só a língua pátria, só a nossa língua portuguesa pode traduzir essa emoção, Poeta.
Abraçamigo.
Foi consciente o comentário, embora contenha um trocadilho, o sal de saudade...rs
A saudade, querido poeta, transforma-se num prazer à medida em que a temos em doses certas, quase que aviadas por um especialista.
Obrigado pelo comentário.
Se há uma coisa que me deixa mal, é não poder dizer a palavra que quero.
Saudade
sair
de
si
entrar
em nos
nós
o sal
do sol
idade da luz
de ante-ontem
Do desamor e da saudade. Doce ou amarga, não importa. Afinal, a criação do poeta é intocável e, necessariamente, não segue cânones.
Um abraço!
voltei, gosto muito daqui.
abraço
Dizem ser a sétima palavra de mais difícil tradução!
Como disse Neruda,
"Saudade é amar um passado que ainda não passou,
É recusar um presente que nos machuca,
É não ver o futuro que nos convida",
mais neste, ele vê e aceita o convite para outro amanhecer, para ver o brilho do sol,
renova-se em esperanças.
Abraço
"amor é ferida que dói e não se sente"........ saudade tb
um pouco do olhar perdido a procurar flashes de luz na noite, à beira mar de uma praia de Vitória, que durante o dia exibe-se populosa e à noite entrega-se ao deserto da solidão... solitária e saudosa... esperando a lua parar de castigá-la e na ânsia do sol a reluzir suas ondas... de desamparo.
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