02 abril 2008

Mistérios, idas e vidas

Andávamos em ruas abandonadas, ambos
procurando uma frase, uma pista, um sinal
que nos levasse à língua a doçura de um amor.
Tínhamos pouco orgulho, estima e já não sabíamos,
cada um no seu desatino, caminho melancólico,
senão forçar o gozo incompleto e dormir frustrados.
Uma saída seria procurar na cidade decadente
a resistência, outros territórios nos quais ainda
fosse permitido amar de modo novo, contudo amar.
Demo-nos de cara um com o outro, desconfiados,
diante de uma parede alta, sem portas e janelas
onde havia um lindo grafite em que um homem,
como se fosse uma mãe, tocava uma face febril,
delicadamente, com a lâmina lunar de uma faca, lembras?
Depois de tantas pessoas e noites em nossos dias
estamos a procurar juntos o amor como fio
para a trama louca de mistérios, idas e vidas
em sofrimentos de solidão a cada hora que se esvai...

13 comentários:

Anônimo disse...

MUITO LINDO BELO TEXTO!!
:)
ABRAÇÃO!!

aluaeasestrelas disse...

Realmente, mais uma vez, você nos brinda com um texto belo e profundo.
Parabéns!
E obrigada pela visita!!!

Elcio Tuiribepi disse...

Belo texto Dauri, a procura está na necessidade de se encontrar mudanças, novos horizontes dentro também da própria alma...parabéns de novo...acho que aqui vou ficar repetitivo...um abraço na alma...

Mike disse...

grande dauri... nem sei o que comentar, estou meio em transe viajando nas palavras... no grafite que anuncia o toque, na troca de olhares dos dois, quais não são tristes, mas em comum cultivam o desejo de serem tomados por febre, e que, ao se encontrarem e trocarem olhares, talvez carícias, percebem-se como cúmplices... numa relação de amor, mas não de troca (como deve ser) e sim de complementaridade.

Poetisa da Alma disse...

Profundo... estamos todos vivenciando emoções e com elas aprendendo a trilhar os caminhos dessa vida.
Ora Amor...ora dor...
Vivendo...aprendendo!
Aprendendo...vivendo!

Anônimo disse...

Se eu entendi seu texto, eu acho que não se deve contar muito com as pessoas.Hoje em dia mal, mal uma pessoa dá conta de si mesma.

Renato Ziggy disse...

O que não vale é deixar de ir e vir, de procurar e sonhar... e claro, encontrar e agradecer. Gosto demais daqui, kra! Até.

La Maya disse...

Ah, procura que não acaba, essa...
Quando a gente pensa que encontrou, o objeto de nossa busca escorre pelos nossos dedos e nos vemos outra vez a buscar, sem descanso...

Bom mesmo é buscar juntos, encontrar juntos...

Beijos

Jacinta Dantas disse...

E me vejo nessa procura, eterna e louca procura do preenchimento do vazio que toma conta do peito.
Gostei muito da imagem do "homem, como se fosse uma mãe...".
Um abraço
Jacinta

:: Daniel :: disse...

Eu concordo com o texto acima. Seu texto é um brinde -- aos que amam, aos que sofrem por amor, aos que não querem amar mais e aos que esperam amar de novo.

Grande abraço!

douglas D. disse...

solidão...
solidão.

John Doe disse...

Nossa, descreveu meus dias, ou minhas noites, buscar o amor nem que seja de um jeito novo e diferente, mas ainda o amor...

GRande Dauri, Obrigado pela dica, estou acatando de muito bom grado, realmente, dá textura ao texto...

Obrigado.

Beto Mathos disse...

Adoro procurar sinais.
Bravo, amigo, pra variar.