16 dezembro 2007

Vida estranha olaria

... É que pensei em construir uma casa,
acolhedora, cheia de lindas vistas
e com muitos quartos.
Já pisei o barro e fiz os tijolos,
aguardo o sopro de silêncio
com a revoada de vocábulos,
esses pássaros solares.
Aguardo o sol
nessa vida estranha olaria. Há lenha,
fogo embora não há.
Já tenho o desenho, no entanto
o lápis ainda espera o correr da mão.
Aguardo, e de aguardar me enfureço:
Oh céus! Que caia um raio
e me queime os tijolos,
preciso urgentemente dessas palavras em brasa.
... É que pensei em escrever um poema de amor.

6 comentários:

Flavia disse...

E pra escrever sobre o amor das duas uma: ou precisa estar muito apaixonado ou muito sozinho...

Bjinhos!

Jacinta disse...

"Já pisei o barro e fiz os tijolos" Que olaria produtiva. Gostei da tríade Fazer...ação...amar.
Fazer amor nas ações do escrever, encontrar amor na satisfação de ter como companheira de vida - Ela - a palavra. E esse seu casamento me parece ser muito fértil e feliz.
Um abraço

Ana Paula

fjunior disse...

gostei do fim... um poema de amor... como diz aí no alto do blog, sejam os cultos ou incultos, todos nós escrevemos poemas, poesias... e isso é tão bom... esta liberdde... simplesmente escrevemos... seja para o nosso deleite ou dos outros, apenas escrevemos...

Anônimo disse...

Na arquitetura como na vida,a sensibilidade é fundamental. Não somente desenhos e tijolos, mas sonhos e emoções definem sua(s) essência(s).Decididamente, nem construir, nem amar, nem viver são precisos (parafraseando Fernando Pessoa...)

Anônimo disse...

Estranha lida numa olaria, daquelas de tempos atras.
O cavalo girando triste,
o barro liguento, entranhando nos pés descalsos, cansados de andar sem chegar a lugar nenhum...agonia em pensar se a fornada sairia no ponto
se passasse da hora trincava, rachava.....
Quantas idas e vindas, tijolos perdidos,lenhas queimadas em vão...
Como seria a casa? eram todas iguais! eu queria uma diferente, de cor branca e não de tijolo bruto..dos poucos que me restaram!

mais uma vez viajei..

Abração

Luiza

lula eurico disse...

Um raio a coruscar nas palavras e um poema de amor... grande imagem, irmão!