A palavra dos outros me leva,
a minha no começo me pesa.
Cada letra do que escrevo carrega,
além de tudo que não sei, um grito preso,
um grito de angustiAção (o que é isto?)
É como se fosse outro coração a pulsar.
Esse grito no peito bombeia o sangue, o desejo,
o destempero de querer impedir de passar
o que foi feito de sopro. E por ai vai...
Janela sem tramela que bate, bate, bate
em casa abandonada, no domínio desse grito
eu escrevo correndo, fugindo de um sortilégio.
Na sofreguidão me esqueço das demarcações
e me descubro nu, leve e distante. Depois volto
com vontade de montar o presépio em agosto
visitar cemitério em janeiro
soltar um grito-de-carnaval a cada dia
e, apesar do sufoco,
por incrível que pareça,
dar o braço a torcer
e...
acreditar no amor.
7 comentários:
as vezes a gente precisa fazer o que normalmente não fazia para continuar a acreditar...
as vezes a gente precisa fazer o que normalmente não fazia para continuar a acreditar...
Quem tem o dom da expressão é como o Rei Midas: Só que o que tocamos não vira ouro, vira palavra. É emoção pura.
Beijos
www.lizziepohlmann.com
Assisto de olhos vidrados as imagens que me proporciona!
=)
e agradeço
E por aí vai... Que lindo! Como consegues escrever, descrever, apesar de dizer que "além de tudo que não sei"
E o vento que bate, bate, bate essa janela sem tramela....
Me fez lembrar de uma casinha branca, caiada, descascada.
A janela que batia, tinha restos de azul.
Inquietações...lembranças..
Eu também acredito no amor!
Que sempre possamos gritar através das palavras...Sem deixar de acreditar na vida e no amor. Adorei o seu blog!
Um abraço
Gabriela
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